Dos 513 deputados do Congresso Nacional, em Brasília, 5% são negros e 10% são mulheres. Os números refletem a pouca representatividade que esses dois grupos, embora maior na população brasileira, têm no processo político brasileiro. Essa questão foi tema do painel “Reforma Política: Cotas de Raça e Gênero”, realizado no dia 24 de fevereiro na sede do Ibase, em parceria com Comitê Ficha Limpa. Para debater o tema, foram convidados o deputado Edson Santos (PT/RJ0) e Eleuteria Amora, coordenadora da Camtra (Casa da Mulher Trabalhadora).
Ambos destacaram que a Reforma Política está no cerne das mudanças que o país precisa para radicalizar a democracia. No entanto, para criar um ambiente favorável para transformações será preciso envolver toda a sociedade o que, na opinião dos dois convidados, ainda é um desafio. Para eles, falta espaços para o debate e a formação política e vontade política para debater o tema no Congresso Nacional.

– São 140 deputados da bancada ruralista no Congresso. Qualquer projeto de mudança na estrutura de poder neste país exige uma mobilização forte da sociedade civil, o que exige muito debate e formação política – disse Edson Santos.


Para o deputado, que lembrou que os 300 anos de escravidão no país resultaram na exclusão dos negros à cidadania, um dos pontos importantes no projeto de Reforma Política é garantir a representatividade de todos. Por isso ele defende o voto proporcional, já previsto na Proposta de Iniciativa Popular para a Reforma do Sistema Político Brasileiro, em tramitação no Congresso Nacional:
Eleutéria Amora, que há 17 anos milita na Camtra, lembrou que as mulheres estão fora da cena política no país. São minorias nos partidos políticos e, quando participam de campanhas, são laranjas:

– Essa política mesquinha não interessa as mulheres. A vida é dura e muito concreta para nós, mulheres. Não temos tempo a perder com uma política pequena, corrupta. Mas a realidade é dura, quando as mulheres entram nos partidos é para completar os 30% de cotas de mulheres previstos em lei. Na prática, o que fazem é campanhas para os companheiros de partido. Temos um desafio e tanto pela frente neste debate sobre a reforma política, espeicalmente nesta questão das cotas para que conseigamos ter um processo político neste país que não garanta o meu privilégio, mas o direito de todos a representatividade. O tema é difícil, precisa de uma mobilização grande da sociedade e não temos espaços de debate político que mobilize a sociedade.

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