O Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro lançou nas redes sociais a campanha “Sou jovem e tenho direitos”. A luta do movimento é para que os direitos da juventude sejam garantidos integralmente. A ação quer abrir espaços de reflexão sobre o lugar do jovem na sociedade, seu papel nos processos políticos e como agente na luta por seus direitos. Os jovens somam cerca de 4 milhões de eleitores/as no estado do Rio de Janeiro, ocupando importante posição em processos políticos.
Daiana da Silva é do núcleo de mulheres Jovens da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra) e participou ativamente da campanha. A Camtra faz parte do Fórum de Juventudes, que agrega outros diversos grupos e movimentos. “O que mais incomoda é este estereótipo de que a juventude não tem comprometimento com nada”, diz. Para Daiana, a campanha é importante para romper ideias fechadas sobre a juventude. Chama atenção para os perigos de tratar a juventude como corpo homogêneo, porque os jovens correspondem a grupos diversos, com necessidades e desejos específicos.
Para a jovem feminista, o fato de a campanha ser inciada nas redes sociais parece conseguir alcançar outros jovens, que não apenas os envolvimentos diretamente em movimentos sociais. Para ela, cada vez mais o pensamento de que os jovens não estão “ligados” parece não se sustentar. E completa: “a campanha chega para reforçar nas frases e fotografias as nossas necessidades, que são muitas”.
Daiana afirma que a juventude se preocupa com seu cotidiano, desde as jovens mães que precisam de creches aos jovens que querem ter direito de ir e vir longe dos olhares engessados em preconceitos. “Preservativos em postos de saúde é questão da juventude, sim. A preocupação com a ocupação policial das favelas, também”. Para ela, a juventude está envolvida com todas essas questões e sabe disso, o que falta é visibilidade e força para os movimentos.
Nesta segunda (17), o Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro promoveu o primeiro debate para discussão da campanha. O encontro aconteceu em Campo Grande, na zona oeste. Marina Ribeiro, socióloga e pesquisadora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), presente no debate, lembra o quanto é delicada a temática das eleições. “As pessoas estão muito descrentes para entrar em discussões, e com a juventude não é diferente”, comenta.
O voto é uma ferramenta para todo o processo de participação e conquista de direitos, mas não é a única. Ribeiro aponta que não adianta só votar ou não votar, mas que é fundamental pensar o que as pessoas vão fazer para conquistar seus direitos, já que o voto não é promessa de ponto final nos problemas. Para a socióloga, é importante abrir diálogo e reflexão sobre o direito a ter direito. Viver sob o descaso de políticas públicas frágeis faz o direito ao lazer parecer uma cobrança absurda, ou algo impossível – mas não é, explica. É necessário pensar sempre a participação social da juventude e de toda a sociedade como processo. Mais que isso, é necessário sentir assim – como luta cotidiana, que não acaba na hora de votar.

Comentário 1

  1. Natália Goulart Pelegrini
    19 de setembro de 2012

    Não temos nós, jovens, uma nostalgia? Nostalgia daquilo que não deu certo em tempos revolucionários? Essas questões nos atravessam de maneira pontual no sentido de que: “naquela época não deu certo, porque agora daria”. É como se perder dos sonhos. No entanto, eu, nós, jovens, temos que refletir sobre o lugar em que ocupamos no mundo, o que fazemos e como fazemos. Quais são os nosso direitos? Tudo parece teórico demais, porém, essas perguntas, acredito, dão início a uma reflexão que ao meu ver tangencia e atravessa a prática de cada um nas lutas cotidianas.

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