Por Lucas Marchesini
do Contas Abertas
 


Foto: Saulo Cruz/Flickr.

Em diversas cidades brasileiras, o desfile de 7 de setembro foi marcado por protestos contra a corrupção. Em Brasília, segundo a Polícia Militar, a marcha reuniu cerca de 25 mil participantes na Esplanada dos Ministérios. Com grande força nas redes sociais, as manifestações não vão parar. Um pequeno grupo de pessoas do Rio de Janeiro marcou para o dia 20 de setembro, às 17h, o Manifesto Todos Juntos Contra a Corrupção, que vai ocorrer na Cinelândia. O evento já possui quase 26 mil aceitações no Facebook.
Um dos organizadores, Chester Martins, conta que o objetivo inicial era apenas compartilhar honestidade, porém, com os recentes escândalos a movimentação cresceu e passou a ter um foco mais político.  “Como diria Bezerra da Silva, se malandro soubesse quanto é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem”, brincou o webdesigner.
Assim como as passeatas da última quarta-feira (7), o movimento é apartidário e não recebe dinheiro de nenhuma instituição pública. O objetivo é evitar vínculos e aumentar a transparência das reivindicações. “Tudo o que será utilizado no protesto é proveniente da população. Ela é que vai levar faixas e cartazes, inclusive estamos pedindo ajuda para conseguir o carro de som”, afirma Chester.
A impunidade dos acusados de corrupção é um agregador entre o movimento de Brasília e o do Rio de Janeiro. Enquanto o ocorrido no dia da independência pedia, por exemplo, o fim do voto secreto no Congresso Nacional e que a corrupção se tornasse crime hediondo, a versão carioca tem na pauta o fim do foro privilegiado para políticos e o bloqueio dos bens de envolvidos em casos de corrupção.
Para o cientista político e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, a iniciativa das marchas populares mostra que as pessoas estão partindo para a ação ao invés de apenas reclamarem na frente da televisão. “São iniciativas que reforçam o Ficha Limpa e colocam em xeque a arrogância dos nossos políticos”, afirma. Para Romano, foi correto deixar partidos políticos de fora da iniciativa, pois poderia instrumentalizar o processo.
O próximo passo seria criar uma organização mais sólida e um conteúdo programático. “Se os participantes souberem se organizar, falar com a população e atacar de maneira correta as irregularidades, pode-se ter um resultado muito positivo na vida política brasileira”, completa Romano. Para isso, seria importante levar a inquietação adiante e deixar entre parênteses posições pessoais, privilegiando o consenso.
“Não acredito que vamos mudar alguma coisa somente com um ato”, afirma Chester, “mas é o começo para que a situação mude”. Apesar da grande repercussão dos movimentos, a organização não imagina qual será a repercussão do Todos Juntos Contra a Corrupção e por isso, não faz planos para o dia seguinte da passeata. “Porém, como cidadão, sempre estarei envolvido com a luta contra a corrupção”, ressalta.
A logomarca oficial do protesto pode ser baixada no site da campanha.
Confira o “manifesto“.

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