A integração latino-americana foi o mote da discussão sobre os financiamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na última quarta-feira (6), na abertura do seminário ‘Investimentos do BNDES na América Latina’, organizado pelo Ibase.
Gloria Moraes, economista e pesquisadora do Centro Celso Furtado, apresentou uma “introdução aos investimentos do BNDES”. Segundo ela, o projeto de investimentos do BNDES nas Américas é voltado apenas para a indústria brasileira, e para fortalecer as empresas brasileiras no exterior:  “O Banco foi criado no contexto de que a indústria precisava se estabelecer no Brasil.
Na opinião da economista, por terem sido contempladas pelos projetos de desenvolvimento desde a década de 60, as classes médias desenvolveram uma postura elitista. “A sociedade Brasileira é cosmopolita e elitista; não se pretende africana nem latino-americana”, disse, ao destacar o início da existência do banco de desenvolvimento.
Uma das questões levantadas no seminário foi a ausência de projetos sociais no projeto de desenvolvimento nacional. “O Brasil sempre trabalhou com a ideia do bolo; de que o bolo deve crescer para depois ser dividido. O projeto brasileiro é capitalista”, destacou Moraes, que ainda chamou atenção para o fato de que o BNDES só passou a se propor um banco social na década de 90, quando começou a receber recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
A economista citou a presidente Dilma Rousseff, que define seu projeto de desenvolvimento como ‘erradicação da miséria’. E  explica: o desenvolvimentismo brasileiro é voltado para ‘infra-estrutura’ e ‘criação de empregos’.
Outro ponto recorrente foi uma crítica geral ao desenvolvimentismo.
“Me parece que, se quisermos atuar como sujeitos econômicos, devemos nos fazer livres da expansão do capital”, propôs Carlos Torres, do Observatório Latino-americano de Conflitos Ambientais (OLCA), que defendeu a ampliação do aspecto social do banco sobre sua característica econômica.
O seminário, que conta com a presença de representantes do Banco, termina hoje.
“Há uma disputa que tem a ver com novas visões e definições do desenvolvimento”,disse Moema Miranda, pesquisadora do Ibase, exemplificando a complexidade do tema.

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