Rogério Daflon

O Ibase vem realizando uma série de conversatórios para que se debata o momento atual. O mais recente, “Partidos de esquerda e as manifestações de junho”, aconteceu na última segunda-feira, no Clube de Engenharia. No evento, foi aprofundada a questão que ainda não está nas ruas com a força que merece. O evento, mediado por Carlos Bittencourt, pesquisador do Ibase, teve como convidados  o deputado federal Chico Alencar (PSOL), Mauro Iasi (PCB), o deputado estadual Robson Leite (PT) e Cassio Martinho e Mauro Iasi, respectivamente da Rede Sustentabilidade e do PCB. O evento foi transmitido ao vivo pelo www.twitcasting.tv/ibasenet.


O deputado federal Chico Alencar (PSOL/RJ) trouxe das manifestações algumas frases que fazem conexão com o tema. Alguns exemplos: “Não é por centavo, é por direitos”; “São 513 anos e 20 centavos”, “Já perdi o buzão, a escola, agora perdi também a paciência” e “Queremos hospitais padrão Fifa”. São recados, enfatiza o parlamentar, que demonstram que os manifestantes querem uma nova forma de se fazer política. À mesa, também estavam: o deputado estadual Robson Leite ( PT), e os representantes do PCB e da Rede Sustentabilidade, respectivamente Paulo Oliveira (PCB e Cássio Martinho (do Rede Sustentabilidade).

– Com as obras dos estádios, as pessoas descobriram que, quando o Poder Público quer, ele termina as intervenções. Só que, em Brasília, ficou a imagem do novo estádio Mané Garrincha próximo do principal hospital público de Brasília (Hospital de Base). Ou seja, as pessoas querem ver o mesmo desempenho na construção de estádio investidos na saúde e educação. E estão cobrando por isso – disse Chico.


Para o deputado Robson Leite, para que os recursos públicos sejam bem empregados, é necessário que o financiamento privado de campanha, um dos pilares da reforma política.
–  Quando os jovens queimam as bandeiras dos partidos, temos que parar e refletir nossa estrutura. Mas não se muda estrutura sem pensar financiamento de campanha. Grandes projetos que beneficiam trabalhador não interessam a quem financia as campanhas políticas”. Os deputados que recebem financiamentos privados das empresas viram lobistas dessas empresas. Há uma enorme confusão entre o público e o privado nesse país, e isso tem que ter um fim. Os políticos hoje em dia não dialogam com os mecanismos de participação. Eu, por exemplo, tentei emplacar no Rio um projeto de lei de orçamento participativo e e fiquei bem longe de conseguir – disse ele, referindo-se ao mecanismo implantado em Porto Alegre, em 1989, na gestão do então prefeito Olívio Dutra.
Já Cássio Martinho trouxe à mesa a crise de representatividade dos partidos:
– As manifestações atingem diretamente os partidos e expõem que o modelo hierárquico dos partidos não agrada a quem está nas ruas pedindo mudanças, querendo uma participação mais direta. As manifestações de junho são sinalizadoras da falência do sistema político tradicional. Mas também podem apontar a possibilidade de um modelo de novas institucionalidades.
Paulo Oliveira vê como ponto fundamental a crise do capitalismo.
– Esse modelo que está aí já dá sinais de cansaço. E a classe política é completamente insensível às ruas. Essa onda não vai parar, Existe uma ressaca do capitalismo.
 

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