Hoje é Dia da Consciência Negra e, muito antes de a data ter sido decretada como feriado, o Ibase já participava da luta contra o preconceito racial. Por isso, aproveitamos a data para relembrar aqui algumas de nossas iniciativas a favor da causa.
Uma delas é o grupo “Diálogos com o racismo“, que teve início em 2001. Foi organizado pelo Ibase e articulada com mais de 50 organizações da sociedade civil, com o objetivo de mobilizar contra o preconceito racial – por intermédio da promoção de debates e da incidência em políticas públicas. A primeira fase culminou com o lançamento da campanha “Onde você guarda o seu racismo?” em dezembro de 2004, pois, de acordo com uma pesquisa, 87% dos brasileiros afirmavam acreditar na existência do racismo, mas somente 4% se diziam racistas. Em maio de 2006, a campanha iniciou a veiculação de vídeos publicitários nas sessões de cinema e na TV. Nos vídeos, as pessoas eram paradas na rua e respondiam de forma espontânea à pergunta sobre onde guardavam o seu racismo.
– O Ibase sempre teve uma trajetória de luta importante no combate ao racismo, antes mesmo da campanha que ficou mais conhecida, que é a “Onde você guarda o seu racismo”, de 2006. Lembro que em 2003, quando a Uerj instituiu o sistema de cotas, o Ibase se posicionou publicamente reafirmando essa necessidade – lembra a pesquisadora do Ibase, Marina Ribeiro.

Para a socióloga e professora Rosana Heringer, organizadora de “Diálogos contra o racismo”, campanhas como “Não deixe sua cor passar em branco” e “Diálogos contra o racismo” são muito importantes como ferramentas de sensibilização contra o racismo (veja aqui o artigo do pesquisador Maurício Santoro, na revista “Democracia viva” sobre o tema).

– No primeiro caso, a campanha foi direcionada principalmente à população negra, para que não tivesse receio ou vergonha de assumir sua identificação racial nas pesquisas oficiais. No segundo caso, quando pensamos coletivamente a proposta da campanha – um grupo de movimentos, ONGs e pesquisadores – tínhamos a intenção de falar com o conjunto da população. Ao lançar a pergunta “Onde você guarda o seu racismo?” o objetivo era provocar a reflexão sobre aspectos objetivos e subjetivos que nos fazem muitas vezes discriminar, mesmo quando dizemos que não somos racistas. Vários estudos mostram que uma das ações importantes para mudanças de atitudes e comportamentos vem justamente da sensibilização sobre as temáticas que queremos transformar, então campanhas contra o racismo são muito importantes e deveriam ser permanentes – diz ela, que é reconhecida pela atuação com ênfase em relações raciais no Brasil, principalmente nos temas: desigualdades raciais, políticas de ação afirmativa, discriminação racial, cidadania e direitos humanos.
Anos depois, o Ibase publicou, com o apoio do Observatório da Cidadania, a cartilha Cotas Raciais: Por que sim? (que continua sendo distribuída), sobre ações afirmativas e em defesa das cotas raciais.

A iniciativa teve também significativa participação no projeto “Ibase vai às escolas”, criado em 2007, que incentivava debates junto a professores e estudantes.

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