Por Ana Redig
Jornalista do Ibase
Arne Dale e Christian Schoien, coordenadores de programa da AIN (Ajuda da Igreja Norueguesa) para o Brasil, estiveram hoje no Ibase para conversar pessoalmente com os colegas de projeto e da direção. Depois de 25 anos de atuação no Brasil, a agência financiadora decidiu interromper suas atividades no país. No Ibase, a AIN financiou projetos nas áreas de mineração e de juventudes. A agência permanece no projeto Cidade, mudanças climáticas e ação jovem, que incide no Santa Marta e em Campo Grande, até dezembro de 2015.
Na sexta-feira, 13 de março, os diretores do Ibase Moema Miranda e Itamar Silva participarão do Encontro de Parceiros organizado pela AIN na sede da Ação Educativa, em São Paulo. A agência vai expor os motivos pelos quais a AIN deixará de atuar no Brasil e fará uma retrospectiva dos 25 anos de iniciativas no país. Uma confraternização encerra o encontro.
Nesta entrevista, Arne Dale fala sobre o fim da longa parceria:
Ibase – Depois de 25 anos no Brasil, o que o você destacaria desta experiência?
Arne Dale – Esta é uma pergunta difícil. Para AIN sempre foi importante trabalhar com entidades e movimentos que lidam com projetos locais, em redes, e, ao mesmo tempo trabalham com incidência de política. O trabalho com jovens é, provavelmente, o mais importante, tanto no Brasil como na Noruega. Em 1990, começamos a trabalhar com jovens porque 50% da população brasileira tinham menos de 25 anos. Agora esse perfil mudou.
Podemos ver muito bem o impacto no Brasil e nos jovens que participaram do projeto. É incrível encontrar líderes nacionais que foram formados pelos projetos apoiados pela AIN. Acreditamos que os parceiros foram importantes para formar esses líderes juvenis, mobilizar para uma política juvenil com instrumentos e instituições nacionais e estaduais. Além disso, conseguimos mobilizar a mais importante campanha de solidariedade juvenil na Noruega para o nosso trabalho no Brasil. Isso alimentou o debate e conhecimento sobre o país em diferentes gerações.
Por que a AIN decidiu deixar de atuar no Brasil?
Primeiro porque precisamos concentrar e focar o trabalho para conseguir uma situação economicamente mais tranquila e segura para a instituição. Temos falta de recursos flexíveis e institucionais, já que a maior parte dos valores é vinculada a projetos e programas. A Noruega passa por um contexto político que levou à decisão de priorizar o apoio às emergências, especialmente água e saneamento. Portanto, para garantir a renovação do convênio com a Norad, instituição governamental responsável pela cooperação com a sociedade civil e que repassa cerca de 30% do nosso orçamento, precisaremos estar alinhados nos temas e territórios. Como não conseguimos buscar novos recursos para os projetos, precisaremos deixar o Brasil.
Quais as perspectivas novas para a atuação da AIN?
Este mês o Conselho Diretor vai aprovar a nova estratégia. Nossa prioridade é fortalecer nosso trabalho humanitário. Continuamos também atuar com incidência e programas ao longo prazo. Vamos encerrar as atividades em oito países e ficar só em 17.