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Seminário debate um novo olhar sobre a filantropia no Brasil

Encontro programado para setembro reunirá atores do campo da filantropia nacional e internacional e representantes da sociedade civil em torno da relevância de doações para a sociedade civil e o papel da filantropia para a justiça social. 

Brasil ficou na 54º posição, em um total de 114 países no Ranking Global de Solidariedade de 2021

No Brasil, a filantropia é ainda vista como um conceito associado ao assistencialismo e à caridade, e não como ferramenta de apoio e fortalecimento de organizações e movimentos da sociedade civil. É para transformar esta percepção e fomentar o debate sobre a relevância de doações para a sociedade civil e o papel da filantropia para a justiça social, que será organizado o Seminário Filantropia, Justiça Social, Sociedade Civil e Democracia, nos dias 20 e 21 de setembro, na Unibes Cultural, em São Paulo.

O evento comemora os 10 anos da Rede de Filantropia para a Justiça Social no Brasil e tem como tema Democracia, filantropia comunitária, justiça social e direitos humanos. Da programação constam painéis, mesas temáticas e workshops em torno da contribuição da filantropia comunitária e de justiça social para a promoção dos direitos socioambientais, humanos e da democracia no Brasil.

O seminário deve reunir entre 200 e 250 atores do campo da filantropia nacional e internacional e representantes da sociedade civil. Entre os temas propostos estão a Filantropia e cenário político e Filantropia do futuro: decolonização e democratização de acesso a direitos e recursos. Está prevista também a realização de workshops e mesas temáticas organizados pelas organizações membro da rede e parceiros, o lançamento de pesquisas e publicações do campo e a realização de reuniões de alianças e programas internacionais relacionados à filantropia em cooperação Sul-Sul.

O evento será espaço também para o lançamento do mapeamento de fundos e fundações comunitárias independentes no Brasil, elaborado pela Rede em parceria com a ponteAponte, que busca conhecer o campo da filantropia independente e comunitária no âmbito local e nacional e identificar iniciativas que doam recursos para organizações, grupos, coletivos e lideranças da sociedade civil que atuam no campo da promoção e defesa dos direitos socioambientais, humanos, raciais, de gênero e de cidadania em suas intersecções.

O Seminário Filantropia, Justiça Social, Sociedade Civil e Democracia é gratuito, com transmissão ao vivo (online) de parte da programação.

Cultura de doação de baixa intensidade no Brasil

A filantropia empresarial – envolvendo empresas, institutos e fundações por elas criados – é um setor relevante do ecossistema filantrópico brasileiro dada a capacidade de mobilização de recursos. De acordo com o Ranking Global de Solidariedade de 2021 – desenvolvido pela Charities Aid Foundation (CAF) em parceria com o IDIS – o Brasil ficou em 54º lugar, em um total de 114 países, tendo subido 14 posições em relação aos dados de 2018.  Em 2020, o setor mobilizou R$ 6,9 bilhões para o campo social, segundo o último Censo GIFE – pesquisa bienal que fornece um panorama sobre recursos, estrutura, formas de atuação e estratégias das empresas e dos institutos e fundações empresariais, familiares e independentes que destinam recursos privados para projetos de finalidade pública. 

“Sem dúvida, a doação de recursos financeiros – grantmaking – para organizações e iniciativas da sociedade civil tem se mostrado antes, durante e no pós-pandemia, cada vez mais um dos caminhos relevantes para contribuir com o seu fortalecimento e, certamente, os fundos temáticos, comunitários e fundações comunitárias que integram a Rede de Filantropia para a Justiça Social (RFJS) ocupam um lugar estratégico no apoio à luta pelo reconhecimento e acesso a direitos, num sentido amplo, conduzidas pelos grupos, coletivos e movimentos junto às minorias políticas”, comenta a coordenadora executiva da Rede de Filantropia para a Justiça Social, Graciela Hopstein.

Segundo ela, apoiar organizações da sociedade civil e movimentos sociais é uma estratégia crucial para fortalecer a sociedade civil brasileira, já que promover o acesso aos direitos — ter o direito aos direitos — é o ponto de partida fundamental para a consolidação da democracia.

Desde a sua fundação até o ano de 2021, os integrantes da Rede promoveram o repasse de mais de R$ 472 milhões para iniciativas da sociedade civil. “É importante ressaltar aqui que as doações realizadas pelas organizações membro da RFJS implicam o repasse de recursos para as bases, isto é, uma vez doados, são geridos por lideranças, coletivos e organizações sociais de natureza diversa”, explica.

O Seminário Filantropia, Justiça Social, Sociedade Civil e Democracia – 10 anos da RFJS é promovido pela Rede de Filantropia para a Justiça Social. Tem o apoio financeiro do Instituto Clima e Sociedade e do Fundo Brasil, e conta com apoio institucional das seguintes organizações: ABCR, Alliance Magazine, Comunalia, Cese, FutureBrand SP, GIFE, Global Fund for Community Foundation, Fundação Micaia, Movimento Bem Maior, Movimento por uma cultura de doação, Philanthropy for Social Justice and Peace, Sitawi Finanças do Bem, ponteAponte, Social Docs, Stanford  Social Innovation Review Brazil, VMCA advogados e Wings.

Na visão da coordenadora executiva da Rede, uma transformação é necessária na maneira como se doa no país. “É preciso ampliar as práticas de grantmaking, observando as organizações e os territórios que recebem apoio financeiro não como meros beneficiários, mas como agentes ativos da transformação. O seminário é, justamente, o ambiente ideal para promover esse debate em torno das relações de poder e em como evitar a imposição de soluções de cima para baixo, sem deixar de reconhecer as próprias comunidades em sua busca de soluções para os problemas existentes”, afirma Graciela. 

Serviço: 

Seminário Filantropia, Justiça Social, Sociedade Civil e Democracia 

Data: 20 e 21 de setembro de 2022

Local: Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2500 – São Paulo/SP

Inscrições: https://seminariofilantropia.com.br/inscricoes/

Idealização e organização: Rede de Filantropia para a Justiça Social 

Produção: Necta

Sobre a Rede

Criada em 2012, a Rede de Filantropia para a Justiça Social reúne fundos e fundações comunitárias, organizações doadoras (grantmakers) que mobilizam recursos de fontes diversificadas para apoiar grupos, coletivos, movimentos e organizações da sociedade civil que atuam nos campos da justiça social, direitos humanos, cidadania e desenvolvimento comunitário. A organização tem por propósito promover e diversificar uma cultura filantrópica no Brasil que garanta e amplie os recursos para a justiça social. Integram o quadro de sócios fundadores as seguintes organizações membros: Fundo Baobá, Fundo Elas+, Fundo Brasil, Fundo Casa Socioambiental, ICOM (Instituto Comunitário da Grande Florianópolis), Instituto Baixada, Fundo Positivo, Casa Fluminense, ISPN (Instituto Sociedade População e Natureza), Redes da Maré, iCS (Instituto Clima e Sociedade), FunBEA (Fundo Brasileiro de Educação Ambiental), Tabôa e Instituto Procomum.

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