No último sábado, 8/6, a equipe do projeto Indicadores da Cidadania (Incid) realizou mais uma roda de diálogo, dessa vez em Silva Jardim. Com o tema central de acesso à terra, mais de 30 pessoas participaram da conversa. Estiveram presentes moradores do assentamento Visconde, de Casimiro de Abreu, do assentamento Olho d’Água e dos acampamentos
Sebastião Lan e Cambucais, todos de Silva Jardim. Além disso, também compareceram representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cachoeiras de Macacu, do Coletivo Agrário de Silva Jardim e da ONG São Verdão, de Casimiro de Abreu.
Foram definidas três mesas para debater os assuntos relacionados ao acesso à terra nos municípios participantes. A primeira debateu as formas de aquisição da terra; na segunda, as condições do(a) produtor(a) e a concentração de terra; e na terceira, o tema foi a produção e a regularização da terra. Uma quarta mesa tinha como assunto central as ferramentas trabalhadas no Incid.
Durante a roda de diálogo, as principais reclamações dos participantes foram com relação ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Os moradores da área revelaram as dificuldades de se estabelecer um diálogo o Instituto.
“Nosso maior problema é o Incra. Não conseguimos fazer nada sem pressão e parceria. Quando eles veem
chegar as ONGs e as universidades pensam: ‘Esses caras não estão sozinhos'”, disse Jorge Neves, do acampamento Sebastião Lan, que há 16 anos luta para se tornar um assentamento.
Para a grande parte dos participantes, a roda de diálogo organizada pelo Incid tem a vantagem de permitir que os diferentes movimentos se conheçam e se articulem melhor. “Se os órgãos públicos não se organizam para nos ajudar, a gente se organiza para trabalhar e para pressionar”, conta Aparecida Oliveira, do assentamento Visconde. A
falta de incentivo e a grande presença de latifúndios é o que impulsiona a luta dos trabalhadores rurais. “O que a gente quer é incentivo para continuar no campo. As cidades já estão inchadas e o governo quer tirar as pessoas do campo e levar para lá. Hoje eu vejo que o governo federal não está interessado em investir no produtor rural”, conclui Jorge Neves.