O Ibase repudia as operações policiais que vêm ocorrendo nas favelas, que resultam em mortes violentas e impedem a rotina cotidiana dos moradores e moradoras desses territórios, que se veem dominados pelo medo, sentindo-se inseguros frente ao fogo cruzado, colocando em risco a integridade física e mental de todas as pessoas que moram nas favelas.
Faz um ano de gestão do governador Cláudio Castro (PL/RJ) e durante esse período ocorreram 181 mortes em 39 chacinas em territórios vulneráveis, sendo 85 mortes em 16 massacres somente no ano de 2022, segundo o Instituto Fogo Cruzado e o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI/UFF). Estarrecedoras são as declarações do presidente da República Jair Bolsonaro que, em publicação em seu perfil no Twitter no fim da noite da última terça-feira (25), parabenizou os “guerreiros do Bope e da PM” pela Vila Cruzeiro, Complexo da Penha, que resultou em 25 mortes e 7 feridos.
As chacinas que vêm ocorrendo nas favelas, como a do Jacarezinho (2021) e de Vila Cruzeiro (2022), foram cometidas por operações policiais violentas, em flagrante desrespeito a ADPF 625 ratificada pelo STF, a Tratados Internacionais os quais o Brasil é signatário e a própria Constituição Federal. A naturalização da morte, típica de uma sociedade orientada pelo ódio e intolerância, em que o Estado utiliza a perseguição e extermínio como elemento de combate às drogas, principalmente em áreas vulneráveis onde predomina a população negra e pobre, naturalizando os que vivem nestes espaços como suspeitos, viola direitos e de fato não diminui o poder do tráfico e das milícias. A Segurança Pública deve ser feita com inteligência e integração de forças de segurança, não com banhos de sangue que não levam a diminuição do poder dessas organizações, resultando em mortes de inocentes e de policiais.
O Ibase soma-se às vozes de outras organizações de direitos humanos e cobra do STF o cumprimento da ADPF 635 na elaboração pelo governo do Estado do Rio de Janeiro de um novo plano, visando à redução da letalidade policial e ao controle de violações de direitos humanos pelas forças de segurança fluminenses, e que sejam afastados e punidos os policiais envolvidos em mortes.
Foto de Roberto Parizotti/ Fotos Públicas