“Ser jovem é ser suspeito, porque, em qualquer parte, essa faixa etária não está encontrando lugar na sociedade”.  A afirmação é da antropóloga Regina Novaes, que participou junto com a  rapper, cineasta e ativista ReFem do debate “Cidadania e juventude”,  promovido pelo Ibase na comemoração de seus 30 anos.
De  acordo com Regina Novaes, os recentes conflitos na Espanha, na  Inglaterra e no Chile indicam que o jovem, em todo o mundo, vem sendo  tratado pela lógica do crime.
A rapper e cineasta ReFem, ativista há mais de 10 anos, não  considera esse cenário uma novidade, principalmente em relação à juventude negra  brasileira, na periferia e na favela. Ela fez críticas ao Estado, pela  falta de políticas públicas para a juventude, e à própria juventude, por  não cobrar seus direitos. “A juventude negra está  sendo exterminada. Esses números só estão aumentando, agora até crianças são vítimas”, afirma. “Somos muito passivos diante dessa  situação”, completa.
O  aparente pessimismo de ReFem é contraposto pelo otimismo de Regina: “Discordo que os números estejam aumentando. Acho que esses números são  resultado do trabalho de muitos a partir da percepção de que esse  extermínio tem classe, cor, gênero, endereço. Essa nova forma de pensar e  denunciar é, sim, resultado de muita luta. Se nossos projetos  conseguirem que mais gente questione o extermínio e o grau de exclusão  desses jovens, então o esforço não terá sido em vão.”
Enquanto  ReFem identifica uma estagnação da juventude em relação às suas  demandas e aponta uma revolta como solução para o problema, Regina procura  fazer um balanço das conquistas obtidas e enfatizar que existem diversas  maneiras de um grupo exercer pressão política. Apesar de pontos de  vista divergentes, existe um consenso: depende da juventude traçar novos  rumos em direção a uma cidadania mais inclusiva, somando caminhos  políticos diferentes, do jeito que puderem, de onde estiverem.
																					

