Rio de Janeiro, 18 de junho de 2014. A Copa do Mundo rola a bola, a torcida pelo Brasil é grande, mas o Ibase também sonha com outra vitória do país: a conquista da reforma política. Para nós, como frisou a diretora Moema Miranda às equipes do instituto em conversatório em pleno Mundial, seria um golaço se quatro pontos fossem aprovados no Legislativo: a proibição do financiamento de campanhas por empresas e a consequente corrupção eleitoral; adoção do sistema eleitoral em dois turnos. No primeiro, com o voto dado ao partido (com ênfase na questão programática). No segundo, o voto nos candidatos de uma lista pré-ordenada, formada democraticamente; alternância de gênero nas listas dos candidatos; e projetos de Lei de Iniciativa Popular, Referendos e Plebiscito.
Quanto ao primeiro item, estudo realizado pelo Ibase (“Quem é quem nas discussões do novo código da mineração) mostra como as empresas investem alto na sua relação com as instituições políticas brasileiras. Só as principais companhiasdo setor, como a Vale, CSN e Anglo-America, somadas, doaram mais de R$ 17 milhões nas eleições de 2010. Não à toa, um dos principais beneficiados por essas doações são nada menos que o presidente (deputado federal Gabriel Guimarães-PT/MG) e o relator Leonardo Quintão (PMDB-MG) da Comissão Especial sobre o nov código, que tiveram campanhas de R$ 3 milhões e R$ 2 milhões e receberam cerca de 20% das empresas mineradora.
Devido a casos absurdos como esse, o sociólogo Candido Grzybowsk, diretor do Ibase, aponta um argumento central para a reforma: o parágrafo único do art.1º da CF, que determina que todo poder emana do povo e, como as empresas não votam, não há por que elas se incluírem nas eleições com seu poder econômico. No encontro no auditório, todos do Ibase participaram muito, deixando claro seu comprometimento com a causa. Sandra Jouan, socióloga e pesquisadora do Ibase, deixou as equipes bastante estimuladas com seu conhecimento sobre o tema. Para ela, os desmandos de parlamentares no Brasil não devem esvaziar a participação política. “A reforma política precisa ser abraçada pelos movimentos sociais e pela juventude”, diz Sandra.