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Organizações lançam carta alertando sobre inundações na América do Sul

Os últimos dias de 2015 marcaram os países do Cone Sul com grandes enchentes. Cidades da Argentina, Paraguai, Uuguai e do Sul do Brasil ficaram inundadas após chuvas torrenciais. O que parece uma catástrofe natural entretanto foi denunciado por diversas organizações da sociedade civil como consequência do modelo de produção adotado na região. A grande exploração de recursos naturais, desmatamentos e outras atividades que atacam o meio ambiente para garantir os negócios das grandes corporações e do agronegócio tem afetado centenas de milhares de famílias com a perda da capacidade de a natureza regular os efeitos de tais chuvas. Diante disso, a carta faz um apelo para se debater o atual o modelo de produção e suas consequências sócio-ambientais.
Veja a íntegra do documento:
Inundações no Cone Sul: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Não é uma catástrofe natural, mas sim a consequência de um modelo de produção
Nossa América, 31 de dezembro de 2015
As inundações que afetam vários países da América do Sul são as piores dos últimos 50 anos. Centenas de milhares de famílias têm de ser evacuadas depois de perderem tudo. Os transbordamento dos cursos normais de água não é a consequência lógica das chuvas, mas sim o produto da alteração do equilíbrio natural dos diferentes ecossistemas em toda a região, a partir da mudança do uso da terra: o desmatamento, a produção de soja e como a substituição dos nossos prados e florestas nativas por espécies exóticas de árvores como eucaliptos e pinheiros por decisão dos “mercados”.
Como normalmente acontece, essas relações econômico-ambientais (inclusive a gravidade dos efeitos sobre a população) tendem a ser negadas pelas autoridades políticas e escondidas pela mídia comercial. O novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, por exemplo, tentou minimizar a situação afirmando que “há lugares onde sobra água e outros que falta.” Por sua vez, no Paraguai, o presidente Horacio Cartes está levando muito tempo para declarar uma emergência nacional, apesar de que no dia de hoje são quatro os departamentos mais afetados pelas inundações, com mais de 100 mil vítimas em áreas ribeirinhas. Para Cartes, de fato, o desmatamento “é um detalhe”, nada mais, da mesma forma que se manifestou na época em meio a críticas gerada pelo seu relatório fraudulento sobre a recente cúpula sobre mudança climática em Paris.
No entanto, a raiz do problema fundamental é que o desmonte e as grandes represas eliminam a capacidade da natureza de regular os efeitos das chuvas. Só na Argentina foram desmatados 9 milhões de hectares nos últimos 25 anos, eliminou 75% das florestas, em sua maioria na área afetada pela inundação zona recente. Um cenário semelhante acontece em outros países da região. Assim, os beneficiários pelo agronegócio, que nos são as empresas multinacionais e os grandes proprietários, descarregam como ” algo externo” os impactos sobre o resto da população, que sofre as consequências.
As organizações populares apelamos para a solidariedade e convocamos para debater o modelo de produção e as suas consequências sócio-ambientais.
Primeiras assinaturas:
– Organización de Mujeres Campesinas e Indígenas – CONAMURI (Paraguay)
– CNDAV – Comisión Nacional en Defensa del Agua y de la Vida (Uruguay)
– Movimiento Popular Patria Grande (Argentina)
– Resumen Latinoamericano (Argentina – Cuba – Venezuela)
– Escuela José Carlos Mariátegui, desde Nuestra América (Argentina)
– Equipo de Educación Popular Pañuelos en Rebeldía (Argentina)
– CIFMSL, Centro de Investigación y Formación de Movimientos Sociales Latinoamericanos (Argentina)
– Jóvenes Ante la Emergencia Nacional (México)
– Asamblea Nacional de Afectados Ambientales (México)
– Comisión Multisectorial (Uruguay)
– Espacio de Lucha Territorial Río Bravo (Argentina)
– Movimiento por la Unidad Latinoamericana y el Cambio Social – Regionales Santa Fe, Córdoba y Buenos Aires Oeste (Argentina)
– Las Floras Libertarias (Argentina)
– Movimiento Popular UNIOS (Venezuela)
-Red por una América Latina Libre de Transgénicos
-Fórum Mudanças Climáticas e Justica Social (Brasil)
-Colectivo Voz Insurgente (Venezuela)

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