A importância das bolsas de auxílio estudantil para a permanência de cotistas na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) é o destaque de um relatório feito pelo Ibase para o Programa Potências, iniciativa desenvolvida pelo Banco Itaú em parceria com a Fundação Itaú para Educação e Cultura (Fiec).
No documento, o Instituto mostra que entre as 129 pessoas bolsistas do Programa na UFMA na época do levantamento, 76,7% não tinham ninguém da família com Ensino Superior. Ou seja, essas alunas e alunos são a primeira geração de suas casas a chegar na universidade.
““Estar na universidade é gratificante. É a continuação dos sonhos dos nossos pais que não conseguiram chegar.”, relata uma/um estudante durante os grupos focais promovidos pelo Ibase em abril deste ano. O relato é parte do material entregue ao Banco pelo Instituto.
Outro fator significativo demonstrado no relatório é a importância da Lei de Cotas na vida destas(es) estudantes. Sancionada pela Presidenta Dilma Rousseff, em agosto de 2012, a Lei 12.711 tornou obrigatória a reserva de 50% das vagas nas universidades e institutos federais do Brasil, para estudantes pretas(os), pardas(os) e indígenas, provenientes de escola pública, com renda per capita de até 1,5 salário-mínimo.
“Não achava que um dia entraria para uma Federal. Foi uma questão de orgulho. E a Lei de Cotas me proporcionou isso. Me senti muito orgulhosa de sair do Ensino Médio e já entrar em uma universidade federal.”, diz uma aluna da UFMA ouvida pelo Ibase.
Após a promulgação em 2012, a Lei passou por duas alterações. A primeira em 2016, quando foram incluídas as pessoas com deficiência, e a última em 2023, com a inclusão de estudantes quilombolas e a redução da renda per capita para 1 salário-mínimo.
Ampliação
Inicialmente implementado na Federal do Maranhão, o Programa Potências atualmente é desenvolvido em outras duas universidades: a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), totalizando 384 bolsas. Cada estudante recebe R$1.008 ao mês, durante todo o período previsto para a sua graduação.
“A bolsa tem sido fundamental para garantir a permanência estudantil, na medida em que grande parte das e dos bolsistas afirmam que sem ela dificilmente teriam como seguir na universidade, dadas as condições socioeconômicas nas quais estão inseridos.”, explica Tauan Satyro, pesquisador do Ibase que atua no projeto.
Criado pelo Itaú Unibanco e Fundação Itaú, o Programa Potências é uma iniciativa cujo objetivo auxiliar estudantes autodeclarados pretas(os), pardas(os), indígenas ou quilombolas (PPIQs), ingressantes pela Lei de Cotas ou outros processos seletivos especiais em universidades federais, a permanecerem na universidade e concluírem sua graduação.
O Ibase é a entidade que operacionaliza a criação, implementação e monitoramento do Programa, além de prestar assessoria às Instituições de Ensino Superior (IES) participantes na sua implementação e no acompanhamento a estudantes bolsistas participantes do programa.