Foi lançado na última quinta-feira (23/05) o relatório “O estado dos direitos humanos no mundo”, feito pela ONG Anistia Internacional. O trabalho é resultado de pesquisas sobre a situação da garantia de direitos ao redor do mundo durante o ano de 2012. As principais entidades e organizações que defendem os direitos humanos estiveram presentes no lançamento. O Ibase também esteve lá e foi representado pelos diretores Itamar Silva e Moema Miranda.
No relatório divulgado pela Anistia, os problemas brasileiros ganharam destaque e, inclusive, um dos maiores capítulos do trabalho. O Brasil foi destacado como um grande violador de direitos humanos principalmente devido à proximidade da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Foram apontadas violações relativas ao direito à terra, à moradia e aos direitos das mulheres. A existência de tortura nas prisões e o uso de força excessiva por parte dos agentes de segurança pública também foram criticados. Além disso, o estudo também lamenta o alto número de homicídios e as remoções compulsórias de milhares de famílias.
De acordo com Mauricio Santoro, assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional, dois eixos prioritários guiaram a realização do relatório da Anistia:
– O primeiro eixo inclui as questões relativas à segurança pública, à justiça e a prisões. Podemos dizer que o alto número de homicídios no Brasil é a nossa principal preocupação atualmente por estar diretamente ligado a temas como a violência policial, tortura nos presídios e o extermínio da juventude negra. O segundo eixo faz a relação entre desenvolvimento e direitos humanos, ou seja, estuda os impactos desses grandes projetos de infraestrutura. Existe uma agenda governamental que pretende deixar a população afastada das grandes decisões, mas a sociedade não está satisfeita e, claramente, está se mobilizando.
A Anistia Internacional foi criada em 1961, a partir da notícia da condenação de dois jovens portugueses a sete anos de prisão por terem gritado “Viva a liberdade!” em público durante o regime autoritário de Antônio Salazar. Desde então, a ONG é referência no campo de direitos humanos. Em 1974, o irlandês Sean MacBride, então presidente da organização, recebeu o Nobel da Paz. Em 1977, foi a própria entidade que ganhou o mesmo prêmio.