Notícias

Os desafios de Graziano para erradicar a fome mundial

Artigo publicado no The Guardian*
O jornal britânico The Guardian, em artigo publicado na segunda-feira (4), lista os cinco principais desafios que José Graziano da Silva, brasileiro eleito diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), terá de enfrentar se quiser resolver a fome mundial. Entre eles, envolver agricultores, trabalhar em estreita colaboração com a sociedade civil e reconquistar a confiança na organização. Veja a íntegra do artigo traduzido pelo Ibase.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), principal agência no mundo para política alimentar, elegeu o brasileiro José Graziano da Silva como seu novo chefe. Ele substitui Jacques Diouf, que declarou seu interesse em concorrer à presidência do Senegal.
Há quase 18 anos, Diouf herdou uma agência carente de fundos e atormentada por patrocinadores. Graziano assume em um momento histórico diferente. Agora temos um sistema alimentar mundial que oferece a redução da fome para seis bilhões de pessoas e deixa um bilhão com fome. A menos que encontremos formas de produzir mais alimentos para que a fome seja reduzida e os recursos naturais do planeta devidamente geridos, poderemos nos deparar com 3 bilhões de famintos em um mundo de 9 bilhões de pessoas em 2050.
Lidar com este triplo desafio (mais comida, menos fome, menos degradação ambiental) vai exigir mais do que apenas financiamento. Para a FAO continuar a servir como entidade líder mundial em alimentação e política agrícola, ela terá de se reinventar, tornando-se uma referência em acabar com a escassez de ideias sobre como acabar com a fome. Por exemplo, qual é o papel do avanço do mercado de compra na redução do problema? O que deve ser feito sobre o investimento estrangeiro direto na agricultura e as aquisições em larga escala de terras? Como as altas nos preços de alimentos devem ser gerenciadas? Quais são os benefícios e riscos das novas tecnologias alimentares e agrícolas? A FAO precisa conduzir os debates nestes e em outros temas.
Graziano já se comprometeu a se concentrar na reforma da agência, tentar chegar a consensos na tomada de decisões e enfrentar a volatilidade dos preços dos alimentos. Estas são promessas óbvias, dadas as circunstâncias. O “x da questão” está em como ele vai realmente fazer isso.
Seu primeiro desafio será encontrar um papel confiável para a FAO em uma ecologia global de atores radicalmente transformada. A força da FAO é a sua autoridade convocatória na área da “diplomacia dos alimentos e da agricultura”. Mas ajudar os governos a formular e implementar políticas criveis só pode ser efetivamente feito se a entidade encontrar mecanismos internos para ficar nas fronteiras do conhecimento científico e técnico. Isso não tem sido sempre o ponto forte das agências diplomáticas. Fazê-lo vai exigir que a FAO complemente seu trabalho diplomático com ligações mais estreitas com instituições baseadas no conhecimento, como universidades e organizações de pesquisa.
Segundo, são agricultores, não diplomatas, que cultivam alimentos. Esta obviedade demanda que a FAO encontre novas maneiras de envolver agricultores, como fonte de ideias de melhores políticas e como defensores da reforma política em seus próprios países. A ascensão das redes sociais e o avanço em tecnologias de informação e comunicação podem ajudar a FAO a se beneficiar com dados fornecidos por fazendeiros.
Em terceiro lugar, a FAO precisará trabalhar de perto com amplas camadas da sociedade civil para ampliar o apoio à questão da fome. A FAO é uma organização grande, mas pequena em relação ao desafio da fome. A sociedade civil precisa ser apoiada ao exigir dos governos medidas extras no combate à fome.
Por exemplo, precisamos de atualizações em tempo real para nos ajudar a enxergar como o quadro da fome está mudando, mês a mês. Precisamos ser constantemente lembrados que a fome existe e pessoas são afetadas por decisões que são tomadas ou não. Também precisamos de mais transparência quanto ao comprometimento de diferentes organizações para pôr fim à fome; quem está falando e quem está realmente fazendo?
Em quarto lugar, será necessário apoio governamental direto para lidar com a fome. Erradicá-la é difícil. Existem milhares de ações que poderiam ser tomadas. Mas não existem projetos, cada contexto vai diferir em termos da natureza do problema, a capacidade de lidar com ele e o comprometimento político por trás dele. Para destacar seus pontos fortes, a FAO deveria desenvolver ferramentas de “diagnósticos de fome” que ajudem os governos a definir suas prioridades.
Finalmente, a FAO precisa se tornar uma organização que olha para fora, uma organização com a qual as pessoas gostariam de trabalhar. Esse não é o caso atualmente. A FAO tem funcionários excelentes que não são estimulados a se expressarem e correrem riscos. A burocracia arrasta a organização pra baixo com qualquer um que trabalhe com ela. A construção de parcerias estratégicas será essencial se uma organização relativamente pequena pretende balancear os recursos mundiais e a energia na luta contra a fome.
Graziano foi uma peça-chave na vitoriosa iniciativa brasileira “Fome Zero”. Ele teve apoio total do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ganhou recentemente o prêmio “World Food” por sua liderança na redução da miséria do Brasil e se beneficiou de uma economia em crescimento.
Mas acabar com a fome nos lugares mais inflexíveis, sem ter o apoio de um presidente e na dianteira de uma organização que precisa reaver a confiança de muitos será um desafio diferente. É por isso que ter o apoio de grande parte da sociedade civil será tão importante para o novo diretor-geral da FAO. Desejamos a ele o melhor e precisamos todos ajudá-lo.
*Versão original em inglês.

Tradução »

jepe500

slot resmi

slot

slot dana

slot zeus

slot

rejekibet

88id

jkt8

slot pg

jayaslot

slot88

oppo500

toto slot

slot777

slot maxwin

jayaslot

slot maxwin

slot mahjong

slot

slot

INK789

slot zeus