por Rita Corrêa Brandão e Sandra Jouan, diretoras do Ibase
No dia 3 de novembro de 2025, Betinho — o sociólogo Herbert de Souza — completaria 90 anos. Fundador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e uma das figuras mais marcantes da luta pela democracia e pelos direitos humanos no Brasil, Betinho deixou um legado que não pertence apenas à história: ele continua sendo um compromisso vivo, que orienta o presente e desafia o futuro.
Criado em 1981, em plena ditadura militar, o Ibase nasceu do sonho de um país diferente. Um país onde a informação e o conhecimento fossem instrumentos de transformação social. Onde a democracia fosse mais do que uma palavra — fosse prática cotidiana, construída por cidadãs e cidadãos conscientes de seus direitos. Esse foi o projeto político de Betinho. Isso é o que seguimos defendendo hoje.
Ao longo de mais de quatro décadas, o Instituto tem mantido acesa essa chama. Continuamos atuando na defesa intransigente dos direitos humanos, na ampliação da participação social e na construção de alternativas democráticas e solidárias para o desenvolvimento do país. Em cada pesquisa, projeto ou ação pública, está presente a convicção de Betinho de que “só a participação cidadã é capaz de mudar um país” — e de que a luta por justiça e igualdade ainda é urgente.
Em tempos em que discursos extremados ainda ecoam e ameaçam a vida democrática, o pensamento de Betinho nos lembra que a cidadania é uma prática coletiva, construída com escuta, solidariedade e mobilização. O Brasil que ele sonhou só se tornará possível se continuarmos a lutar por ele — nos territórios, nas redes, nos espaços de decisão e nas ruas.
Celebrar os 90 anos de Betinho é reafirmar o sentido de existir do Ibase. É renovar o compromisso de produzir conhecimento crítico e promover ações que enfrentem as desigualdades, fortaleçam a democracia e ampliem os horizontes da cidadania.
Manter vivo o legado de Betinho é continuar acreditando, como ele, que mudar o Brasil é possível — e que essa mudança começa quando transformamos a indignação em ação coletiva.
																					

