No último dia do Fórum Social Mundial, na Tunísia, a equipe do projeto Diálogo dos Povos, do Ibase – em parceria com entidades na América Latina e África do Sul – realizou uma assembléia para definir estratégias de luta contra as grandes empresas mineradoras. Representantes de organizações sociais do Brasil, Gana, Suazilândia, Finlândia, França, Zimbabue, Chile, Venezuela, África do Sul, Malawi, Filipinas, Grécia, entre outros países, trocaram experiências e estabeleceram prioridades de ações. Entre elas, criar conjuntamente um banco de dados sobre a atuação da indústria mineradora nos países. Também foi definido que será produzida uma cartografia (mapeamento) dos grupos e suas estratégias de combate à mineração, além de um dia mundial de luta contra a indústria mineradora.
“A complexidade que se tornou a exploração de recursos minerais no mundo nos obriga hoje a pensar estratégias conjuntas. Há algum tempo atrás, eram as empresas de países do norte que exploravam as terras de países do sul. Hoje não é mais assim. Já temos empresas, como a Vale, por exemplo, se expandindo pelo mundo”, disse Moema Miranda, diretora do Ibase.
O que ficou claro nas falas dos participantes da assembleia é que a indústria mineradora é um dos motores do sistema capitalista, gerando impactos ambientais e sociais irreversíveis nos territórios. O projeto Diálogo dos Povos busca promover o intercâmbio de experiências e estratégias de luta entre grupos do Brasil e África do Sul.
E esta foi apenas uma das muitas atividades do Ibase no Fórum Social Mundial, que aconteceu de 26 a 30 de março, na Tunísia. Além de ser um criadores do encontro, o Ibase faz parte do conselho internacional do Fórum.
Lá, o projeto Incid (Indicadores de Cidadania) participou da mesa “Práticas cidadãs e controle social em territórios impactados por grandes projetos extrativistas”. O sistema Incid é uma ferramenta inédita para avaliar o grau de cidadania nos territórios afetados em 14 municípios do Estado do Rio de Janeiro, na área do Comperj.
O Ibase também participou do Grap (Grupo de Reflexão de Apoio ao Processo Fórum Social Mundial), do qual faz parte e que tem como objetivo mobilizar a sociedade civil. No Fórum, o Ibase foi uma das organizações que debateu a respeito de zonas minerais, movimentos sociais e resistências sociais em relação à injustiça e aos crimes ambientais das empresas de indústria extrativas, na mesa “Novos olhares para o Desenvolvimento Econômico Local e Economia Social do território”.