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Nota Pública: Ibase considera arbitrário o processo que levou à prisão do ex-presidente Lula

O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva durante abertura da exposição Ibase 30 anos (Foto: Arquivo Ibase)

O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) considera arbitrário, autoritário e partidarizado o viés de perseguição política do julgamento que levou à prisão do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.  O Ibase tem uma história institucional ligada à democratização do Brasil, em particular às lutas que permeiam a emergência da cidadania e a constituição da diversificada sociedade civil brasileira das três últimas décadas. Não vivemos um momento de normalidade democrática, e o que está em jogo é a crise das instituições e a falência do sistema judiciário brasileiro que se tornou partidário. Para nós, as conquistas democráticas de direitos e responsabilidades, de cuidado, de convivência e de compartilhamento são condições do bem viver, sendo inadmissíveis num estado democrático as manifestações de racismo, de intolerância e de ódio.
Estamos presenciando situações de desmontes de direitos sociais conquistados, congelamento de gastos públicos, surrupiamento de garantias trabalhistas e previdenciárias, privatização de patrimônio nacional, medidas de proteção ao meio ambiente violadas e tantas outras arbitrariedades sendo impostas sem uma ampla discussão e debate com o conjunto da sociedade.  Sob o pretexto de se combater a corrupção, medidas são tomadas para calar a voz de quem se opõem a todos este conjunto de violações.
Foram vários os depoimentos, nacionais e internacionais, que denunciaram problemas na condução do processo de julgamento do ex-presidente Lula, vítima de uma perseguição unilateral sem precedente na história política brasileira. O judiciário e a mídia dominante politizam o debate num panorama de opiniões diversificadas, entretanto, encobrindo na verdade o direito à informação plural e isenta. Observa-se um direcionamento e um forte componente político naqueles que deveriam ser os guardiões do direito e da ampla defesa.
Não podemos nos resignar diante de uma polarização entre a barbárie, com fascismo e autoritarismo, criando muralhas e fortalezas para minorias privilegiadas, e o domínio sem alternativa puxado pelas forças do mercado.
O Ibase, como organização de cidadania ativa, não partidária, defende o Estado republicano, suas leis e normas, suas instituições. Nossa luta é pela radicalização da democracia e pela defesa de um mundo mais solidário e igual. Hoje atacam o ex-presidente Lula, amanhã poderá ser qualquer um que lute por este mundo que sonhamos.  Para nós conviver é reconhecer igualdade na diversidade e diferença. Defender Lula é hoje um dever de qualquer democrata, independente de partidarismo.

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