O Ibase lança sua nova marca institucional e dá início às atividades que marcam os 40 anos de fundação da ONG. Criado por Betinho e seus companheiros de exílio, Carlos Afonso e Marcos Arruda, o Instituto foi formalmente estabelecido em 1981, no início do processo de anistia política que permitiu que exilados(as) e perseguidos(as) pela ditadura militar voltassem ao Brasil. A nova marca é uma homenagem a Betinho, por sua dedicação ao Ibase e sua contribuição à sociedade civil brasileira em geral.
“Estamos iniciando agora o uso dessa nova marca porque é também o mês que celebramos o legado de Betinho, que morreu em 9 de agosto de 1997. Anualmente, fazemos algo que relembre o quanto sua figura e sua história foram importantes para todos e todas que acreditam na democracia e nos direitos humanos” – explica Athayde Motta, diretor executivo do Ibase desde 2017.
Sobre o momento político atual, Athayde Motta, que também faz parte da Diretoria Executiva da Abong (Associação Brasileira de ONGs), destaca a importância das ONGs na luta pela democracia brasileira, tanto ações de defesa de direitos que estão na Constituição Federal como na assistência mais direta às populações mais pobres. “O que temos visto durante a pandemia, por exemplo, são organizações de territórios e periferias com ações destacadas de ajuda local. São essas ONGs e coletivos que se mostraram mais eficazes nesse momento. Lutamos contra o retrocesso, a volta ao passado e a perda das nossas conquistas, mas atuamos no presente também”.
Em relação ao Ibase, Athayde destaca que atualmente a ONG tem os seguintes projetos em execução: Juventudes nas Cidades, em parceria com Oxfam Brasil, Fase RJ, Ação Educativa, Criola, Inesc e Instituto Polis; Cidadania Ativa e Acesso à Justiça, desenvolvido com jovens e lideranças de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, e do Morro do Borel, na Tijuca, com financiamento do International Development Research Centre (IDRC); e Indústrias Extrativas, Riscos Ecossociais e Resiliência Cidadã, com financiamento da Fundação Ford. Segundo o diretor, há ainda o apoio da agência Pão para o Mundo para o projeto Diálogos Estratégicos, desenvolvido em parceria com Abong e Iser Assessoria e que tem como proposta discutir novos paradigmas de civilização e sustentabilidade global do planeta. Outra forma de apoio é a parceria com Furnas Centrais Elétricas, que garante a realização do projeto Núcleo de Integração Comunitária, nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Na esfera internacional, o Ibase também está presente na Red Latinoamericana sobre las Industrias extractivas (Rlie), na Publish What You Pay (PWYP) e na Gen Wayna. “Historicamente, nossa forma de atuar é em rede e parceria com outras ONGs e fóruns da sociedade civil. Mais do que nunca, essa é a melhor forma de potencializar nossos resultados” – destaca o diretor, que comenta também o atual cenário de trabalho na instituição. “Estamos trabalhando em home office desde março, mas nossos compromissos estão sendo cumpridos tanto com as organizações que nos financiam como com os territórios onde estamos atuando. Outro esforço nosso é garantir que funcionários e prestadores de serviços estejam recebendo em dia. Definitivamente, 2020 não está sendo um ano fácil para nenhuma organização social, mas sabemos do quanto é imprescindível que nosso trabalho continue. E a história de Betinho sempre nos inspira muito”.
Reconhecimento a todos(as)
Athayde também lembra que a tarefa de manter o Ibase atuante é dividida com Rita Corrêa Brandão, diretora adjunta, com os integrantes do Conselho Curador do Ibase e com todo o corpo funcional da ONG. “Impossível não reconhecer o empenho de todos e todas. As pessoas que estão hoje no Ibase, e também aquelas que por aqui passaram, são fundamentais nesses 40 anos. Nosso reconhecimento também vai para outro grupo quem sempre nos apoiou, nossos mais de 60 associados e associadas das mais diferentes áreas” – ressalta.
Entre os(as) atuais colaboradores(as), Antonia Rodrigues é a mais antiga no Ibase e foi escolhida para ser homenageada por seus 35 anos de dedicação (a completar em 2021). Atual coordenadora de administração e finanças, Antonia começou no Ibase em 1986, como ajudante de cozinha (na época em que o Ibase tinha refeitório), e exerceu durante mais de 20 anos o cargo de secretária da direção do Ibase. “Minha maior conquista é ter pessoas que acreditaram no meu trabalho, no meu compromisso e na minha responsabilidade. Além do respeito e carinho com que sou reconhecida, também fora do Ibase, por essa trajetória que vivi. Ouso dizer que o meu nome passou a ser Antonia do Ibase”. Sobre o futuro da instituição, ela diz: “Que nunca nos falte sonhos e projetos, que sejam transformadores para seguir escrevendo uma história de resistência e de lutas, mas cheia de esperança para continuar fazendo a mudança na vida das pessoas. Como dizia Betinho, o Ibase, para ter sentido, precisa manter a dimensão do sonho”.
Atual presidente do Conselho Curador do Ibase, Cândido Grzybowski exerceu o cargo de diretor da instituição por mais de duas décadas. Sua gestão à frente do Ibase foi marcada pela inserção da ONG em fóruns e debates de caráter planetário. Cândido participou ativamente do Fórum Social Mundial desde a sua primeira edição, em 2001, em Porto Alegre (RS), e também de inúmeras outros eventos em todos os continentes. “O Ibase se tornou um projeto de vida para mim. E mesmo antes de eu me tornar funcionário e diretor, já participava de muitas reuniões da instituição, o que me fez inclusive ver as limitações da atividade acadêmica e me envolver cada vez mais com o ativismo que o Ibase nos permitia fazer” – relembra. Em 1990, Cândido se liga formalmente ao Ibase e permaneceu como diretor até 2017, quando foi eleito presidente do Conselho para o período de 2018 a 2021. Ao lembrar-se de Betinho, Cândido diz que sua figura humana tinha uma firmeza ético-política marcante: “a despeito das limitações físicas e das doenças que enfrentou, seu humor era cativante. Nossa amizade foi fruto de uma grande afinidade política. Quando ele morreu, perdi um amigo mas me senti recebendo parte do seu legado”.
Parceira de Athayde na condução do Ibase, Rita Correa Brandão também está no Ibase há um bom tempo: “Entrei em 2005 e participei de muitos projetos ligados a iniciativas de participação social, desenvolvimento local e indicadores sociais. Chegar à direção do Ibase é a oportunidade de ocupar um espaço de reconhecimento e muita responsabilidade” – explica Rita, que é a primeira mulher negra a exercer o cargo na instituição. “Lançamos agora essa marca em homenagem a Betinho, mas teremos outros momentos para celebrar nossa existência e resistência como sociedade civil. Nos próximos dias, por exemplo, estaremos em um debate online com pesquisadores de outras ONGs e jovens do Complexo do Alemão para debater uma pesquisa sobre indicadores de cidadania que realizamos em parceria com o Instituto Raízes em Movimento. E assim, seguimos, produzindo argumentos qualificadores da luta política e nos reinventando no modo de atuar” – finaliza.
A nova marca institucional do Ibase foi desenvolvida pelo escritório Zolu design, em Recife (PE), pelos profissionais Aurélio Velho e Luciana Calheiros.
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