A iniciativa foi criada em 2016 por integrantes do Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio de Janeiro e reúne eventos organizados em prol do dia 21 de março – Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, instituído pela Organização das Nações Unidas em memória ao “Massacre de Sharpeville”.
Como parte da programação da campanha em 2023, o Ibase promoverá um debate no próximo dia 15 de março, a partir das 14 horas, no auditório do Galpão da Cidadania – rua da Gamboa, 246, Santo Cristo. No encontro serão apresentados indicadores de cidadania que revelam a percepção das juventudes do Complexo do Alemão, Complexo do Borel e Jardim Gramacho em relação à educação, trabalho, esporte, cultura, lazer, melhoria das condições de vida e racismo. São grupos constituídos majoritariamente por pessoas negras, que têm suas condições de vida marcadas por uma sociedade na qual o racismo é estrutural e estruturante das relações sociais.
Os dados são fruto de pesquisas realizadas nos três territórios em 2019 e 2022, como parte dos projetos Cidadania Ativa e Acesso à Justiça (CAAJ) e Juventudes em Movimento, desenvolvidos pelo Ibase em parceria com ONGs e movimentos locais, ambos com apoio do International Development Reasearsh Center (IDRC).
Para Rita Corrêa Brandão, diretora do Ibase, é importante relembrar a trajetória contra o preconceito racial que a instituição sempre teve. “Por exemplo, realizamos ainda em 2001 o projeto Diálogos contra o Racismo – uma rede de várias organizações negras que debatia a agenda nacional e internacional dessa luta. Na sequência, o mesmo grupo lançou a campanha Onde você guarda o seu racismo?; depois, tivemos a cartilha Cotas raciais: por que sim?”. Para a diretora, “recordar essa história é uma forma de mostrar o quanto essa causa foi e continua sendo importante para o Ibase”. A participação do Ibase na campanha acontece pela segunda vez.
Segundo Luciene Lacerda, militante do Movimento de Mulheres Negras e uma das idealizadoras da campanha, , o evento bateu recorde de inscrições, recebendo mais de 320 atividades, todas voltadas para estratégias de enfrentamento dos danos da discriminação racial. A ativista também ressalta que “o combate ao racismo e a defesa da democracia andam de mãos dadas no país”. E acrescenta “Temos como inspiração a frase de Angela Davis: Não basta ser contra o racismo, é preciso ser antirracista“.
“A juventude negra continua sendo o alvo principal das forças policiais. A mulher negra sofre cada vez mais violências e violações – seja no trabalho, na educação, ou nos alarmantes índices de mortalidade materna. As religiões afro-brasileiras permanecem sob a mira de ataques de religiosos pentecostais. Os povos indígenas lutam em defesa da vida, de suas terras e de suas tradições, e pelo fim das contaminações em suas terras e rios; e o mesmo pode se dizer em relação às comunidades quilombolas. A fome, o desemprego e a falta de oportunidades continuam sendo grandes tormentos para a vida das pessoas pobres no Brasil”, destaca o texto de apresentação da campanha.
Serviço:
Debate sobre juventudes de favelas e indicadores de educação, trabalho, esporte, cultura, lazer, melhoria das condições de vida e racismo
Data: 15 de março
Horário: a partir das 14h
Endereço: rua da Gamboa, 246, Santo Cristo – Galpão da Cidadania.
Entrada gratuita.
Jovens de favelas e territórios interessados em participar podem solicitar apoio para transporte pelo e-mail secretariageral@ibase.br