
O mês de agosto marca o início da segunda etapa da pesquisa Novos Olhares sobre as Transformações Urbanas nas Favelas. O levantamento do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) irá ouvir 5.554 pessoas em dez territórios da capital fluminense: Vila Proletária da Penha, Morro da Coroa, Chapéu Mangueira, Babilônia, Jacaré, Três Pontes, Chácara Del Castilho, Entre Rios, Vila Moreti e Parque Unidos.
Com financiamento da agência de cooperação alemã Pão para o Mundo, o estudo tem como objetivo avaliar os impactos de programas sociais como Morar Carioca e Favela Bairro a partir da perspectiva da população dessas regiões, revelando aspectos positivos e negativos das iniciativas, além dos desejos e prioridades de moradoras e moradores para a criação de novos programas de urbanização.
Os questionários foram elaborados com base na metodologia Incid – Indicadores de Cidadania, desenvolvida pelo Ibase e amplamente utilizada em estudos sobre favelas e periferias, com temas diversos como juventudes e acesso à Justiça, por exemplo.
“Nossa metodologia garante dois pontos fundamentais: a parceria com organizações locais, que constroem conosco todas as etapas da pesquisa – desde a coleta dos dados, a qualificação do que foi apurado, até as ações de incidência para a ampliação de direitos; e a contratação de entrevistadoras e entrevistadores locais, com um amplo processo formativo que capacita as pessoas nessa metodologia de pesquisa quantitativa”, explica a diretora executiva do Ibase e coordenadora geral da pesquisa, Rita Corrêa Brandão.
O acesso a direitos fundamentais como abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo adequada, habitação, mobilidade, educação, segurança pública, espaços públicos, cultura e iluminação pública são pontos centrais de análise do estudo.
“A metodologia Incid, na dimensão da Cidadania Percebida, busca analisar a percepção de moradoras e moradores sobre a efetividade ou violações de seus direitos de cidadania, revelando o estado de cada direito nos territórios sob o ponto de vista e a vivência de quem vive lá”, reforça a diretora do Ibase.
Processo de formação nos territórios
Para a aplicação dos questionários, o Ibase contrata moradoras e moradores das favelas participantes da pesquisa. Ao todo, mais de 150 pessoas participarão de um processo de formação em pesquisa e serão habilitadas como entrevistadoras. Todo o trabalho é realizado em parceria com associações de moradores e outras organizações sociais de cada localidade.

Os processos formativos promovidos pelo Ibase desempenham um papel essencial na produção de conhecimento socialmente comprometido, ao valorizar a participação de quem vive nas favelas e considerar suas experiências como elemento central da pesquisa, como explica a coordenadora técnica, Joice Lima.
“Ao capacitar moradoras e moradores para atuar na realização das entrevistas, o Ibase abre caminhos para que essas pessoas visualizem novas possibilidades de atuação no campo da pesquisa, da mobilização social ou em outras áreas relacionadas à justiça social e ao desenvolvimento territorial”, conclui.