Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2015
Por Heinrich Böll Brasil e Ibase
A Fundação Heinrich Böll e o Ibase promoverão um debate sobre as contradições e desafios do crescimento, decrescimento, futuro da economia e bem estar social com a presença de Reinhard Loske, ex-deputado federal e professor titular de Sustentabilidade e Dinâmica de Transformação da Universidade de Witten, Alemanha; Moema Miranda, diretora do IBASE e José Carlos de Assis, economista e professor da Universidade Estadual da Paraíba. O evento, cujo título é “Porque o crescimento pode ser um problema para garantir o nosso futuro”, acontece no dia 24 de fevereiro, às 17h30, no hotel Flórida, Rio de Janeiro.
Como ter um crescimento contínuo se os recursos naturais são finitos e a crescente emissão de gases de efeito estufa está degradando o meio ambiente pondo em risco a vida de milhões de pessoas, especialmente nos países em desenvolvimento? Na Europa e em particular na Alemanha há um crescente debate sobre a necessidade ou não da economia “decrescer” ou crescer de forma diferente, ou seja, não ser pautada no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) para evitar o aquecimento global e garantir o futuro das sociedades. Enquanto alguns acham que com uma revolução tecnológica, aumentando a eficiência do uso dos recursos energéticos, ou uma política conseqüente de energias renováveis, aliada à “economia verde”, será possível diminuir as emissões e o gasto desses recursos finitos. Outros sustentam que isso não é nem suficiente nem funciona. Eles defendem a necessidade de uma “economia de suficiência”, o que implicaria também numa redução efetiva de produção e consumo.
Em escala global, os consumidores principais dos recursos naturais e os maiores agentes do aquecimento global são os países industrializados do Norte. Esta inegável responsabilidade histórica tem sido um dos principais pontos de embate nas negociações sobre como lidar com as mudanças climáticas no âmbito da ONU. Entre os maiores emissores de CO2 do mundo em números absolutos, hoje se encontram países emergentes, principalmente a China, mas também o Brasil. Porém, per capita as emissões estão bem abaixo das médias europeias – por enquanto.
No Brasil, o apelo para a redução do consumo soa mais que estranho. Afinal, parte expressiva da população, cerca de 16 milhões de pessoas, ainda vive com menos de US$ 40 por mês, num cenário de miséria e fome, devido às enormes desigualdades sociais. Há um consenso da direita à esquerda desenvolvimentista, no poder desde 2002, que o maior crescimento possível do PIB é a condição necessária para o desenvolvimento e a redução da pobreza no país. Por outro lado, o debate de alternativas ao desenvolvimento, de mudança de paradigma, de transformação de processos não é novo no Brasil, mas continua marginal. Além disso, muitos que defendem a perspectiva da justiça social, não a aliam a dimensão ambiental.
O prof. Reinhard Loske explicará sua tese de que crescimento do PIB pode ser bom e decrescimento pode ser melhor e porque crescimento sustentável e economia verde são ficções. Além disso, o crescimento não é sinônimo de desenvolvimento, assim como decrescimento não é de pobreza. E é possível para sociedades como a brasileira construírem uma economia e uma sociedade futura que não se baseie no PIB como índice principal de bem estar social.
Reinhard Loske é professor titular para Política, Sustentabilidade e Dinâmica da Transformação da universidade de Witten/Herdecke. De 1998 a 2007 foi deputado federal pelo Partido Verde e de 2007 a 2011 Secretário Estadual de Meio Ambiente e Transporte do Estado de Bremen, na Alemanha.
Serviço:
Data: 24/2/2015, 17h30
Local: Rua Ferreira Viana, 81 – Flamengo – Rio de Janeiro
Mais informações: http://br.boell.org/