Por Fiocruz e Ibase
O Brasil vive um momento de definição de rumos, seja para dar continuidade, com novas ênfases, aos processos em curso, seja percorrendo novos caminhos. Considerando a importância de se analisar e debater a conjuntura brasileira em suas diversas dimensões, o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CCE-Fiocruz) deu início, em 1º de outubro, ao ciclo de debates online Futuros do Brasil. O tema da primeira edição, “O Brasil de 2015: um momento entre dois ciclos?”, foi debatido pelos sociólogos e pesquisadores do Iesp/Uerj José Maurício Domingues e Fabiano Santos.
“Com esta série de debates, queremos entender a atual situação, bastante confusa, como costumam ser os momentos de transição, olhando, porém, para o longo prazo, de fato para o futuro do Brasil, indo além da conjuntura mais imediata”, explica José Maurício, pesquisador associado do CEE-Fiocruz. “No primeiro evento, buscamos analisar os elementos principais da crise política, assim como os desdobramentos dessa transição de um ciclo longo, cujas origens remontam aos anos 1970, na luta pela democratização, para outro, cujas características ainda não estão claras”, observa. “O termo futuros diz respeito ao objeto do Centro de Estudos Estratégicos”, disse o coordenador do CEE-Fiocruz, Antonio Ivo de Carvalho. “Trazendo especialistas, como cientistas sociais, sociólogos, cientistas políticos, economistas, vamos acompanhar o cenário que se configura para o país”.
Ontem, houve mais uma edição do ciclo, com o tema: “Políticas sociais, uma encruzilhada”. Os debatedores foram Ligia Bahia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Eduardo Fagnani, da Unicamp e da Plataforma Política Social. “O título do debate é provocativo e, de certo modo, embute uma metáfora espacial: caminhamos, saímos de algum lugar, e estamos diante de alternativas de rota, à esquerda ou à direita”, destacou Ligia Bahia. Para ela, este ponto de partida é adequado e abrangente e deve ser problematizado, quando se trata do exame de políticas de saúde. “Saímos de um sistema restritivo, iníquo e segmentado, e onde chegamos? Saímos de uma coalizão de interesses hegemonizada pelos empresários setoriais, e onde chegamos? Quais são as tendências de curto, médio e longo prazos?”, pontuou Ligia, ressaltando que são indagações que não admitem respostas unívocas.
A essas questões, Fagnani questionou: “o campo progressista tem forças para resistir ao processo em curso de construção de um projeto ultraliberal no Brasil? A gestão macroeconômica ortodoxa cumpre o roteiro traçado pelas forças do mercado e setores hegemônicos da imprensa, para criminalizar a esquerda e pavimentar o caminho para a vitória nas eleições de 2016 e 2018?”, destacou. Fagnani indagou, ainda, se Estado brasileiro que emerge a partir de 1988 não é “um ponto fora da curva” do capitalismo. “Quais seriam as estratégias defensivas a serem adotadas? Temos espaço para ir além e construir um novo projeto de transformação nacional? Como avançar nesta perspectiva?”, busca saber.
Coordenado pelo sociólogo José Maurício Domingues, o evento volta-se prioritariamente a uma audiência virtual. Acessando o link fiocruz.tvq.com.br, qualquer pessoa poderá acompanhar e enviar perguntas em tempo real. Os debates da série Futuros do Brasil ocorrerão periodicamente, sempre via internet, e deverão dar origem a cadernos que buscarão sintetizar essas seções, a serem veiculados também em meio eletrônico.
Com transmissão online via internet, a série Futuros do Brasil volta-se a uma audiência virtual e abre a possibilidade de interação dos debatedores com o público, que poderá enviar perguntas durante o evento. Os debates ocorrerão periodicamente, sempre via internet, e deverão dar origem a cadernos que buscarão sintetizar essas seções, a serem veiculados também em meio eletrônico.