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Filme sobre Betinho será lançado até o final do ano

Por Pedro Martins

Neste dia 9 de agosto completa 18 anos que Betinho nos deixou. É também o Dia do Ibase, organização que ele fundou junto com companheiros de militância em 1981. Com um legado de ativismo e militância em diversas frentes importantes, Herbert de Souza é das figuras mais emblamáticas do país no século XX. Por conta desta trajetória, no ano em que completaria 80 anos de vida, será lançado o documentário “Betinho, uma vida de histórias” sobre sua vida. O roteiro conta com depoimentos de amigos, parentes, companheiros de militância e também com entrevistas e depoimentos dados pelo próprio Betinho em vida. Ainda em fase de elaboração, o filme deverá ser lançado em novembro deste ano.

Superando desde que nasceu as dificuldades impostas pela hemofilia que herdara geneticamente de sua mãe, Betinho superou na adolescência também uma tuberculose. Esses fatos, que parecem desimportantes, mostravam já a força vital que Herbert possuía. Força que se desdobrou em intervenção na realidade, em ação política.

Logo após concluir os estudos em sociologia, Betinho foi assessor do ministério das Comunicações do governo João Goulart. Com o Golpe Civil Militar de 1964, lutou contra o regime mas algum tempo depois viu-se forçado a abandonar o país. Exilou-se no Chile em 1971, onde também foi assessor do presidente socialista Salvador Allende. Com a deposição e o assassinato de Allende refugiou-se ainda no México e Canadá.

Com a volta ao Brasil em 1979, o irmão do Henfil chegou já demarcando posições e reafirmando posições de luta. A construção do Ibase em 1981 levantou a bandeira pela necessidade da reforma agrária. Em seguida, “Diratas, Já!”, Contituinte, “Fora, Collor” e a que a mais marcou sua trajetória, a “Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida!”. Com a palavra de ordem “Quem tem fome tem pressa!”, a campanha deu centralidade à questão da fome e da miséria no debate político nacional. Nesse sentido, é possível afirmar que sem a campanha proposta por Betinho seria difícil o Brasil ter avançado no combate à fome, saindo inclusive do Mapa da Fome da ONU.

Além dessas questões, Betinho também ajudou a visibilizar o debate sobre a AIDS. Após contrair o vírus HIV em uma transfusão de sangue, ele perdeu os irmãos que também eram hemofílicos e contraíram a doença da mesma forma. Por conta disso, fundou com outras pessoas a Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS).

Toda essa potência de vida de um grande militante e articulador da sociedade civil será apresentada por pessoas como sua companheira de muitos anos Maria Nakano, Chico Buarque, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, dentre outros personagens. Victor Lopes, diretor do filme, em entrevista sobre o filme afirmou: “Eu diria que ele é o nosso grande símbolo humanista”. Em tempos em que a discussão política muitas vezes acaba em páginas policiais ou com ataques à democracia, é sempre importante resgatarmos figuras do porte de Betinho para buscar inspiração e criatividade para novos rumos. Hora bastante adequada para parar, ver o filme e refletir sobre ações mais humanas e fraternas.

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