O “Encontro Anual de Planejamento, Monitoramento e Avaliação” da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AIAAV), aconteceu entre os dias 16 e 18/01, com 12 membros da Articulação, entre eles, Athayde Motta, diretor do Ibase. “Realizado na sede do Ibase, o evento foi enriquecedor pois traçou objetivos e atividades a serem realizadas de forma coletiva. A parceria do Ibase com a AIAAV aprofunda e amplia o trabalho do Ibase no tema das indústrias extrativas e de seus impactos nefastos nas populações que habitam municípios minerários” declarou Athayde.
Também estavam presentes, representantes das Brigadas Populares de Minas Gerais, FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional), Instituto Pacs (Políticas Alternativas para o Cone Sul), Justiça Global, Justiça nos Trilhos, MAM (Movimento pela Soberania Popular na Mineração) e o Sindicato Metabase Inconfidentes.
A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale
A AIAAV é uma rede de solidariedade que congrega, desde 2009, diversos grupos, como sindicalistas, ambientalistas, ONGs, associações de base comunitária, grupos religiosos e acadêmicos do Brasil e do mundo. Seu objetivo central é contribuir com o fortalecimento das comunidades em rede, promovendo estratégias de enfrentamento aos impactos socioambientais relacionados à indústria extrativa da mineração, sobretudo os vinculados à empresa Vale S.A.
Ao longo desses quase 14 anos, denunciaram muitos desastres provocados pela mineração da Vale em comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas, camponesas, populações urbanas empobrecidas e trabalhadores. Em diferentes territórios, de Mariana e Brumadinho (MG) a Moçambique, de Santa Cruz (RJ) a Piquiá (MA), de Perak (Malásia) a Mendoza (Argentina), as semelhanças entre narrativas sobre os impactos da mineração e logística são o testemunho da insustentabilidade da Vale S.A. e também de todo o setor da mineração.
A AIAAV conecta movimentos de incidência política e proteção dos direitos humanos e dos territórios onde a Vale S.A. atua, permitindo a construção de uma resistência frente a uma empresa de atuação global. Essas articulações e intercâmbios visibilizam a verdadeira face do setor mineral, que promove massacres sociais e ambientais, privação de direitos e cerceiam liberdades para alcançar suas metas de lucros a qualquer custo.
Desastres socioambientais não afetam as populações de maneira igualitária. Ao contrário, os riscos e impactos recaem de maneira mais dura e evidente sobre grupos mais vulneráveis (indígenas, negros e mulheres). Deste modo, a AIAAV atua na busca da justiça ambiental, para assegurar a todos os grupos impactados o direito a um tratamento justo e envolvimento pleno nas decisões sobre o acesso, ocupação e uso dos recursos naturais em seus territórios.
A Vale
A Companhia Vale do Rio Doce foi fundada em 1942 como uma empresa estatal brasileira. Em abril de 1997, em operação que até hoje é contestada na Justiça Brasileira, a CVRD foi vendida pelo governo brasileiro por apenas US$ 3,4 bilhões, com financiamento subsidiado disponibilizado aos compradores pelo BNDES.
Após a privatização, a CVRD virou a Vale S.A., uma empresa transnacional que opera em dezenas de países nos cinco continentes. Em apenas uma década, a empresa se transformou na segunda maior mineradora do mundo e na maior empresa privada do país.
Após a privatização o perfil da empresa ficou ainda mais agressivo, intensificando conflitos sociais e ambientais. Cada vez mais, a atuação da Vale tem se caracterizado por uma política empresarial que desrespeita frontalmente os direitos de comunidades atingidas por seus empreendimentos e desafia leis, tratados internacionais e a luta organizada de trabalhadores.