O espírito de inovação e coletividade de Betinho foi lembrado ontem, 30 de agosto, por participantes do evento “25 ANOS COM BETINHO”. A homenagem organizada pelo Ibase e pela Abia – ambas ONGs fundadas pelo sociólogo – teve como objetivo enaltecer o legado de Betinho e reunir representantes de outras organizações também criadas pelo sociólogo para fortalecer laços e propor ações para reconstruir o país.
O evento começou com a inauguração de uma nova placa de identificação do Ibase, com a presença de Maria Nakano, viúva de Betinho, que atuou na área de comunicação da ONG por quase três décadas. Maria fez questão de ressaltar que Betinho vive nas lembranças de todos(as). Após o ato, foi exibido um vídeo inédito com depoimentos do homenageado, dirigido por Vagner Almeida, coordenador de audiovisuais da Abia.
O diretor do Ibase, Athayde Motta, reforçou a necessidade do fortalecimento e união das organizações: “Betinho dizia: “eu sou sociedade civil, nós temos um lugar nesse país, a democracia sem essas organizações ficará mais limitada”, citou.
O diretor da ONG lembrou a sorte em ter começado como estagiário do Ibase, e contou que, em uma época em que não se falava em Aids, Betinho saía distribuindo camisinhas na hora do almoço: “Esse hábito acabou virando política pública”. Segundo Athayde, o sociólogo sempre pensou grande, pautando a agenda pública e o debate na sociedade.
A representante da Abia, Sônia Corrêa, questionou o que o Betinho faria assistindo a realidade do nosso país. Ela reuniu três depoimentos de pessoas que conviveram com ele e passaram algumas lições. Sônia também sugeriu o resgate de recordações e que um livro de lembranças do Betinho seja editado, já que ele era uma figura pública enorme, plural e de visibilidade internacional.
Daniel Souza, filho do Betinho e presidente do Conselho da ONG Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria e pela Vida, disse que a melhor homenagem ao pai é ver todas as ONGS que ele fundou juntas. “Vamos pensar o que a gente pode fazer para virar essa página nefasta do nosso país e voltar a falar de esperança, solidariedade. Ano que vem, a Ação da Cidadania completa 30 anos e infelizmente a gente chega a esse momento num cenário pior do que quando ela foi criada. Hoje temos 33 milhões de pessoas com fome, na época eram 32 milhões. Precisamos propor e mudar essa dura realidade de novo”, discursou.
Outro ponto alto do evento foi a apresentação de Jô Ventura, da ONG Se Essa Rua Fosse Minha, com cantos e danças africanas. Átila Roque, da Fundação Ford; Cândido Grzybowski, ex-diretor do Ibase; Keila Simpson, da Abong e Antra; e Rita Brandão, diretora do Ibase, entre outros(as) convidados(as) também fizeram questão de compartilhar boas lembranças e inspirações que Betinho gera até o momento.
“Que essa noite sirva de inspiração, que o legado continue junto e que a gente consiga fazer muito mais”, finalizou Athayde Motta, após sortear dois livros com a história de Betinho.
Foto de Samuel Tosta/Arquivo Ibase.