Por Pedro Martins
Do Ibase
O Movimento dos Atingidos por Barragem ocupou na manhã de ontem (01/10) o hall de entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os manifestantes reivindicam que o Banco assuma a responsabilidade perante as violações de direitos causadas pelas obras que financia, em especial do setor de energia onde a construção de diversas hidrelétricas tem causado impactos fortes na vida das comunidades próximas aos empreendimentos. Além disso, o MAB aponta problemas socioambientais e falta de diálogo como problemas a serem enfrentados. O MAB, junto com o Ibase e outras organizações e movimento sociais do Brasil e América Latina, fazem parte do Fórum de Diálogos entre a Sociedade Civil e o BNDES.
Em um ato durante a tarde, Juceli Andreoli, da coordenação do MAB Nacional, apontou que é necessário que o BNDES fique atento às questões sociais, que deveriam fazer parte do enfoque dos investimento realizados pelo Banco. Juceli destacou também a necessidade da criação pelo governo de uma política para as populaçãoes atingidas e de um canal de diálogo prévio com as comunidades para os projetos futuros. Além disso, o MAB aponta também a importância de não haver mais investimentos em projetos que violam direitos humanos e flagrados com situações de trabalho análogas à escravidão.
Apesar das críticas a atuação que Banco tem desenvolvido, o movimento faz questão de deixar clara a importância de que o BNDES tenha garantido seu caráter público e não seja privatizado. Este fator ganha relevância principalmente quando se pleiteia que o órgão amplie seu diálogo com a sociedade civil e reforce o caráter social presente no próprio nome do Banco. Para Juceli Andrioli o “S”precisa ser reforçado nas estratégias de atuação do Banco.
Evanil Botelho, de Tueta no Norte de Minas gerais, expôs o problema que vem enfrentando devido às barragens que vem sendo construídas para a hidrelétrica de Aimoré: “Hoje eu não tenho nem lugar para morar, nem tenho como pagar aluguel. E além disso, não tenho sequer como plantar. Não nos deram terra, casa nem nada. Estamos vivendo numa lona.”. Para além de problemas com terra e moradia, outro ponto foi destacado por Juceli Andrioli em decorrência da condição de abandono que essas comunidades vivenciam: “Muita gente tem sido levada ao suicídio, à depressão profunda e diversos problemas psicológicos devido à prepotência do setor elétrico brasileiro e do próprio órgão que financia.” O MAB promete manter a ocupação no Branco até ser atendido pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Em seu site, o movimento disponibilizou a sua pauta de reivindicações na íntegra.
O grupo fez uma aula pública, junto com a equipe do Ibase, e no final do dia foi recebido pelo presidente do Banco, Luciano Coutinho, e representantes de áreas ligadas às pautas de reivindicações do grupo. Há cerca de uma no e meio, o Fórum de Diálogos BNDES e Sociedade Civil vem se reunindo sistematicamente com representantes da instituição financeira apresentando pautas relativas à transparência de informações, o Fundo Social BNDES e salvaguardas ambientais para uma agenda de trabalho comum.
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