Rio de Janeiro, 20 de junho de 2014

Reunião no Ibase

Na semana passada, moradoras de Queimados estiveram no Ibase para iniciar uma nova fase do projeto Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Conjunto Valdariosa e seu Entorno, o #maisvaldariosa Elas participaram do primeiro encontro com integrantes da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra), conduzido pela feminista Eleutéria Amora, que tem longa trajetória nos movimentos sociais, especialmente no que diz respeito aos direitos da mulher. Serão feitos 12 encontros no total, com o tema do Protagonismo da Mulher, que é um dos eixos do projeto.
 
“Companheiras, a partir de agora, vamos usar sempre a flexão de gênero e dizer: ‘moradores e moradoras do Valdariosa’. Vamos nos entender enquanto mulheres e entender as opressões que vivemos diariamente, para então passarmos a buscar também onde está nossa força e nosso protagonismo, que muitas vezes são varridos para debaixo do tapete”, disse Eleutéria Amora, na abertura do encontro.
Logo nesse primeiro encontro, as mulheres expuseram muitos desafios e problemas diários que as famílias enfrentam no conjunto habitacional, onde pessoas que nunca haviam se visto passaram a morar em comunidade, sem que houvesse uma preparação para esta convivência. Falaram também de questões mais amplas dos direitos humanos e sociais.
“Quando vi a notícia sobre a morte do ex-governador Marcelo Alencar, por exemplo, nos jornais, eu pensei ‘ele deve ter tido ótimos médicos’. Já o pobre morre mais cedo, porque luta para conseguir um médico. Fico pensando, tudo tão bonito, tão chique para a Copa, por que esse esforço todo não pode ser feito para dar conta das nossas necessidades?”, questionou Gecileia, moradora do Valdariosa.
A pesquisadora do projeto Tabata Lugão explicou que o papel das mulheres na localidade é essencial e, portanto, atividades que discutam essa função são muito importantes no projeto: “Até por uma questão cultural, são as mulheres que tomam conta da casa, das famílias. Elas precisam se empoderar e também debater de que elementos precisam para ganharem mais autonomia. Elas não têm com quem deixar os filhos, por exemplo, um obstáculo para trabalharem fora de casa.”
Não há creches municipais em Queimados, como lembra Tabata. Essas e outras necessidades estão sendo mapeadas ao longo do projeto.
 

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