Martha Neiva Moreira
Diante de uma plateia formada por representantes de várias entidades da sociedade civil, no auditório do Clube de Engenharia, no Rio, o cientista político e professor da USP André Singer se disse perplexo com o atual momento do país. Para ele, a explosão de manifestações era previsível diante da realidade de contradições cada vez mais agudas, mas a forma como as manifestações aconteceram não.
– É tudo muito diferente do que já vimos. O que é possível entender é que esta explosão é a expressão de conflitos distributivos. O que se pede é investimento público – disse o professor, que é autor do livro “Os sentidos do Lulismo” e foi convidado para participar ontem (25) da segunda edição da roda de conversa “Diálogos sobre política: 10 anos de governo PT”.
 

 

Segundo o professor, que falou durante quase três horas e respondeu perguntas da plateia, a possibilidade de sucesso do movimento está na participação da periferia. O que, para ele, ainda é um enigma:
 
– Se o movimento for apenas de classe média é uma coisa, mas se a periferia estiver engajada – o que ainda é uma dúvida para mim – será o equivalente a uma placa tectônica se mexendo – observou.
 

O evento é uma iniciativa do Ibase, Fase, Action Aid e Anistia Internacional para avaliar o governo Lula e debater a conjuntura política do país. A primeira edição foi em fevereiro e teve convidado Paulo Vanucchi, ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos no período de 2005 a 2011.

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