Notícias

Declaração política sobre extrativismo

Leia mais sobre a Assembleia no Canal Ibase, nosso portal de notícias.
Fórum Social Mundial
Assembleia sobre Extrativismo: declaração Política
Tunis, 30 de março de 2013
As organizações reunidas nesta Assembleia constatam que vivemos hoje o auge do modelo extrativista em termos mundiais, que leva à miséria milhares de pessoas e destrói as bases de vida e reprodução de comunidades em vastas regiões, tanto do sul quanto do norte global. As grandes empresas, o sistema financeiro e alguns milionários são os verdadeiros beneficiários deste sistema, enquanto a maioria dos camponeses, comunidades e trabalhadores, homens e mulheres, são excluídos de qualquer beneficio. O modelo de “mal-desenvolvimento extrativista” é obcecado pelo crescimento econômico e se orienta para a obtenção de lucros cada vez maiores, ampliando o alcance do capital e destruindo e/ou privatizando bens comuns como a água, a terra, o ar, os bosques e os mares. Na atual fase do capitalismo, as relações de poder estão sofrendo deslocamentos e as economias emergentes, bem como as empresas dos países do sul, estão se somando aos poderes tradicionais e aos países do norte global para saquear e colonizar os recursos naturais de ambas as regiões do planeta. O extrativismo não é apenas a atividade de extrair recursos naturais. É, também, um modelo de desenvolvimento que se organiza e impacta as dinâmicas políticas, sócio-culturais e de gênero, tanto na sociedade quanto no Estado e suas instituições.
 
Observamos especialmente que:

  1. As instituições financeiras internacionais fomentam o extrativismo como o grande motor de estímulo ao crescimento econômico. No contexto de crise financeira, estas entidades e os investidores procuram novas áreas de investimento lucrativo. A maioria destas organizações adquire novas formas de lucro financeiro com base na intensificação da extração dos produtos naturais, como forma de acumulação rápida e substancial.
  2. Enquanto as empresas multinacionais e transnacionais e seus parceiros financeiros prometem empregos e desenvolvimento baseado em um novo ciclo de crescimento, somos testemunhas de que a pobreza e a desigualdade aumentam nas comunidades e nas nações afetadas pelo extrativismo;
  3. O extrativismo se caracteriza por uma grande coalizão de interesses entre os estados e as empresas, caracterizados por grandes investimentos financeiros, pouca transparência nos acordos estabelecidos e aberta corrupção. Esta cumplicidade está vinculada com a intervenção do estado e de marco regulatórios débeis, que implicam perdas consideráveis de impostos e fugas de capital dos países impactados pelo extrativismo.
  4. O extrativismo envolve os lugares de extração, as atividades de processamento, transporte dos recursos e processos de exportação. Portanto, seus impactos se estendem para além das áreas diretamente afetadas pela extração.
  5. O extrativismo implica no deslocamento de populações camponesas, indígenas e rurais, dado que seus territórios são confiscados para a mineração, a extração petroleira, o estabelecimento das grandes plantações e represas. Violam-se constantemente os direitos das populações indígenas sobre seus territórios e o direito de veto a projetos de desenvolvimento.
  6. A privatização da água acompanha e, frequentemente, motiva a usurpação de terras quando as agroempresas, as entidades financeiras e os milionários buscam novas fontes de água potável, um recurso natural escasso e sujeito à aberta mercantilização; tendência que, certamente, se intensificará no futuro. As atividades extrativistas consumem quantidades gigantescas de água, o que acaba resultando tanto em escassez quanto em contaminação de mananciais.
  7. O extrativismo destrói os bens naturais e os ecossistemas dos quais dependem populações camponesas e indígenas como meio de sobrevivência e de reprodução. Esta tendência é particularmente danosa para as mulheres, pois elas são, em sua grande maioria, as que produzem os alimentos de que o mundo necessita (entre 70 a 80% da produção alimentar da África do Sul depende das mulheres) e são elas as que têm a principal responsabilidade no cuidado com os recursos naturais comuns.
  8. A maioria das atividades extrativistas emite gases de efeito estufa que contribuem substancialmente para as mudanças climáticas e seus efeitos (inundações, secas pluviosidade irregular, entre outros), que tem impacto prejudicial, especialmente, sobre as populações camponesas e a classe trabalhadora pobre dos centros urbanos.
  9. Os trabalhadores, homens e mulheres, nas indústrias extrativas e naquelas vinculadas a elas, muitos dos quais migrantes, em geral ganham baixos salários e estão sujeitos a trabalhos perigosos, expostos a elementos químicos e tóxicos, submetidos a contratos e condições informais de trabalho. As trabalhadoras se vêem enfrentadas a uma opressão especifica: assédio sexual, violações e serviços higiênicos inadequados.
  10. O trabalho não remunerado das mulheres tem sido funcional para as estratégias de acumulação das empresas mineradoras e de outras atividades extrativistas durante vários séculos. A utilização de trabalhadores migrantes maximiza a utilização do capital mineiro ao inibir a migração de toda a família. Ao mesmo tempo confina a responsabilidade da reprodução social da força de trabalho e das próximas gerações de trabalhadores mineiros às zonas rurais.
  11. O extrativismo implica no aumento da militarização nas comunidades onde se instala. A repressão inclui execuções extra judiciais, tortura, perseguições e assédio dos ativistas que lutam contra os empreendimentos e em defesa de direitos. As mulheres enfrentam formas específicas de violência devido a sua condição de gênero, o que inclui violações e assédio sexual por parte das forças de segurança das empresas privadas, bem como dos policiais e/ou das forças armadas estatais.

 
Reconhecemos e saudamos a ação das comunidades e dos movimentos sociais que em todo o mundo lutam contra o extrativismo e defendem suas terras, seus meios de vida e sua própria vida. Entendemos que enfrentamos o poder das empresas multinacionais e transnacionais, seus financiadores e nossos próprios governos. Não obstante, estamos comprometidos a construir o poder das comunidades e movimentos sociais através de uma maior vinculação e unificação de nossas lutas contra as distintas formas de extrativismo.
 
Acordamos as seguintes ações concretas para o ano em curso:

  • Aprovamos as propostas elaboradas no Espaço Clima (em anexo).
  • Concordamos especificamente em apoiar o dia de ação comum – Global Frackdown – em 19 de outubro de 2013 e integrar a ele as lutas contra o extrativismo. Articularemos com este dia de ação global um dia de ação contra as transnacionais.
  • Estamos comprometidos em articular nossas lutas para construir plataformas políticas mais amplas e um movimento forte de resistência às formas altamente destrutivas do extrativismo.
  • Construímos e desenvolvemos alternativas tais como a Campanha por Um Milhão de Empregos Climáticos
  • Apoiamos as comunidades locais em suas lutas de reafirmação de direitos sobre os bens comuns como ponto central de nossas atividades. Outras áreas de trabalho sugeridas são a luta pela terra e pela soberania alimentar; mulheres, gênero e extrativismo; trabalho e transição, visando romper com os prejuízos do extrativismo; constituir uma agenda pós-extrativista, etc.
  • Trabalharemos juntos e em alianças com outras organizações/iniciativas que propõem ações e lutas similares as nossas, para construir um mapa mundial interativo das lutas de resistência e enfrentamento ao extrativismo.
  • Faremos todo o esforço possível para estabelecer diálogo com o movimento sindical e para avaliar como avançar em propostas de transição rumo a um futuro pós-extrativista, radicalmente diferente do modelo que temos hoje, com empregos e trabalho que não danifiquem o meio ambiente.
  • Foi apresentada, ainda, a idéia de convocar uma conferencia mundial sobre o extrativismo, possivelmente paralela ao Fórum Econômico Mundial.
  • Vamos nos articular com outros processos mundiais que relacionam suas atividades com a responsabilidade social empresarial e o papel do estado neste tema.
Tradução »

jepe500

slot resmi

slot

slot dana

slot zeus

slot

rejekibet

88id

jkt8

slot pg

jayaslot

slot88

oppo500

toto slot

slot777

slot maxwin

jayaslot

slot maxwin

slot mahjong

slot

slot

INK789

slot zeus