Mariana Claudino e Natasha Ísis
do Ibase
Promover o debate coletivo a respeito da cidadania ao redor do mundo e chamar as diversas forças de mobilização social a refletir, juntas, sobre estratégias e projetos futuros que envolvam a sociedade civil. Estes são os objetivos principais da VII Plataforma Ibase “Organizações de Cidadania ativa diante dos desafios planetários”, realizada esta semana em Vassouras (RJ). A organização é do Ibase e o patrocínio dos Correios, CAIXA e Petrobras.
No primeiro painel do encontro, os problemas ambientais e as críticas à (não) solidariedade foram citadas em quase toda a sua maioria pelos convidados, que opinaram sobre às ameaças ao chamado “bem-viver”.
Cândido Grzybowski, diretor do Ibase, abriu o primeiro painel e chamou a atenção para a necessidade de se praticar democracia com justiça social, protegendo o planeta. “Vivemos em um sistema que supõe desigualdade e exclusão. É fundamental interligar justiça social com questão ambiental, com a preservação desse planeta. Os movimentos de preservação ecológica têm pouco a ver com os movimentos de justiça social. E falar em justiça social é falar em qualidade de vida: não há vida sem biosfera.”

A violência cotidiana contra as mulheres foi o tema abordado pela uruguaia Lilian Celiberti, da Articulação Feminista Mercosul: mais de mil mulheres morrem em todo o mundo e, para ela, isso ainda é um tema secundário na agenda política dos movimentos sociais. A convidada ainda lamentou que as pessoas não cuidem suficientemente das relações entre si. “Em meu pequeno país a maioria parlamentar é de esquerda. E há violação dos mais elementares direitos humanos.”
Já o ambientalista Jean Pierre Leroy, da ONG Fase, demonstrou sua preocupação com a ascensão da economia verde, baseada em uma tendência crescente de financeirização e mercantilização da vida. “Nunca pensamos que água, sementes, biodiversidade e conhecimento fossem nada além de acessíveis. A escassez não é natural, é provocada por um modelo capitalista produtivista”.
Para ele, a questão da privatização do conhecimento também é preocupante: quando discursos ligados à economia dominante são privilegiados por serem baseados principalmente em aspectos técnico-científicos, o pensamento da ciência social é progressivamente desclassificado. “Em todos os lugares, temos grupos sociais que estão atingidos, efetivamente doentes. Essa possessão pelo capital dos bens comuns não é só uma condição econômica. É também ideológica”.
Brian Ashley, editor da revista AMANDLA, da África do Sul, citou a crise ecológica em geral e aprofundou os problemas da realidade de seu país. “Estamos falando de vida e morte e, cada vez mais, a nossa realidade é mais como morte e não como vida. Eu venho de uma situação em que o governo de Mandela atirou em uma série de pessoas. O que isso nos diz sobre a natureza do Estado? Esta é uma realidade de África do Sul, mas nessa realidade temos uma série de questões sobre ameaças à cidadania”. E ainda frisou a importância da união entre países: “Precisamos transformar. Essa discussão é crítica, importante e crucial. Precisamos pensar em maneiras de como podemos tratar de comunidades tão afetadas, como os mineiros de Marikana e da África do Sul em geral. E, ainda, como desenvolver ligações entre sindicatos do Brasil e dos sindicatos da África do Sul. Por fim, Brian fez uma provocação relacionada à  natureza autoritária dos governos: “Precisamos pensar outras formas de relação. Vamos começar a queimar pneus? Porque essa é uma forma de olhar para nós. É urgente considerar construções de contrapoder”
Na opinião de Carlès Riera, da Fundação de Desenvolvimento Comunitário, da Catalunha, o momento atual é de tensão entre o global e a diversidade. Riera lembra que o projeto sonhado pela esquerda era de um mundo igualitário, mas, quando chegou ao poder, avançou na homogeneização. Então, qual é a saída para crescer fora do atual sistema sem cair nesse erro? Com a cooperação e a solidariedade entre diferentes movimentos e experiências libertadoras. “Na dialética e tensão entre o que é comum e o que é global, aí estará a criatividade. Não queremos pensar numa superestrutura que nos supere ou nos anule, mas sim uma integração contínua, construir redes e movimentos globais, construir alternativas e movimentos políticos em comum”, afirma.
Mudança foi a tônica do discurso do chileno Gustavo Marin, do Fórum por uma Nova Governança Mundial: “A queda do Muro de Berlim foi um marco histórico importante para muitos povos. Marcou a mudança de um mundo bipolar para um mundo multipolar. Mundo onde povos distintos não são equivalentes.” E ainda: “A mudança da história não vem dos grandes, vem dos pequenos. Essa mudança será longa, transição histórica, secular. E será tecnológica, científica, social e política. Eu diria, ainda, imprevisível e inesperada. O mais provável é que o Estado desapareça progressivamente no século XXI”.
Por fim, a união dos movimentos sociais é um dos mais importantes pontos a serem observados para os que querem a mudança social. É o que diz Joba Alves, da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST). Para ele, a Colômbia pode ser vista como exemplo pedagógico para o Brasil, já que as cerca de 2 mil organizações e partidos políticos têm uma bandeira comum resolver o conflito social colombiano. A edição deste ano do Congresso Camponês, que reuniu as entidades mobilizadoras de campo de todo o Brasil, é uma começo. “São as lutas de massa que constroem alguma coisa. Temos que baixar as nossas vaidades e nossos egos. Sem lutas de massa, ação e unidade política a mudança não acontece”, conclui Joba.

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