texto originalmente publicado no site da Carta Maior
O derramento de óleo na costa  brasileira no início de novembro vai custar à petroleira norte-americana  Chevron, responsável pelo desastre ambiental, uma bilionária cobrança  de indenização e uma tentativa de cancelar em definitivo as atividades  da empresa no país.
O Ministério Público Federal vai apresentar à  Justiça uma ação civil pública pedindo R$ 20 bilhões à empresa por  danos ambientais e sociais decorrentes do vazamento de petróleo na Bacia  de Campos, no litoral fluminense. E quer que a Chevron deixe o Brasil,  caso ela seja condenada pela Justiça.
Segundo a assessoria de  imprensa do Ministério Público, o procurador que cuida do caso na cidade  de Campos (RJ), Eduardo Santos de Oliveira, concluiu que a empresa  mostrou falta de planejamento e gerenciamento para lidar com desastres.  Dimensionou de forma errada o problema. E demorou para fechar o poço que  vazou, como já havia informado Carta Maior.
A  origem do derramamento de óleo foi uma situação inesperada ocorrida no  dia 7 de novembro, durante a perfuração de um poço da Chevron. Não se  sabe ainda, porém, qual a causa desse problema, chamado tecnicamente de  “kick”, uma espécie de golfada do poço que está sendo perfurado. Pode  ter sido resultado de erro de cálculo ou falha humana. A empresa diz que  foi culpa da natureza.
No dia seguinte ao “kick”, 8 de novembro,  a Petrobras, que mantém operações próximas ao local do desastre,  descobriu uma mancha de óleo no mar,  e avisou a norte-americana. Mas a  multinacional só foi verificar o poço do “kick” no dia 9, pois achou que  o problema era da Petrobras.
O procurador também leva em conta  na ação a omissão de informações por parte da Chevron à Agência Nacional  do Petróleo (ANP), que se considerou enganada pela empresa.
Multas irrisórias
O  pesado valor da indenização exigida da Chevron constrasta com os baixos  valores aplicados em multas contra a empresa por uma série de órgãos  públicos até agora, como a ANP e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente  (Ibama), de cerca de R$ 250 milhões.
A  legislação brasileira limita as multas por danos ambientais a no máximo  R$ 50 milhões, e o que o Estado tem feito até agora é tentar encontrar  brechas para aplicar multas consecutivas, por motivos variados. A  Chevron pode recorrer de todas elas.
A indenização pretendida  pelo Ministério Público equivale a mais ou menos a metade do lucro da  multinacional no ano passado, de US$ 20 bilhões. O faturamento dela foi  dezes vezes maior.
A empresa ainda pode ser alvo também de ações penais,  a partir de investigações do delegado da Polícia Federal Fabio Scliar.  Ele abriu um inquérito para apurar responsabilidades individuais dentro  da Chevron e também coletivas.
A Lei de Crimes Ambientais, de  1998, é a única que permite processar criminalmente uma pessoa jurídica  no Brasil. As punições vão de multas até o fechamento dela.
 
																					

