texto editorial orignalmente publicado Notícias&Análises, do Observatório de Favelas
 

Crédito: Jean Marconi/Flickr.
Comemorado no último 20 de novembro, o  Dia da Consciência Negra – em outras regiões Brasil, Dia de Zumbi – além  de ser um dia de festa, também é um momento de reflexão. Zumbi nos  remete, automaticamente, a um guerreiro, com espírito de luta e  resistência a quaisquer formas de violência e segregação. De outro lado,  Consciência que, dentre outros significados, é definida como  “sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar,  experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo  interior”.
A partir destas duas premissas, o Notícias&Análises convida os  leitores a uma viagem intronáutica a índices e realidades que ainda  fazem parte do cotidiano e da história da população negra.
Para se ter uma ideia, abrimos este convite com a comprovação de que o  racismo faz mal à saúde e mata. De acordo com o Relatório Anual das  Desigualdades Raciais no Brasil (2009 – 2010), publicado esse ano, a  população negra é aquela que mais adoece e morre de causas evitáveis  como a tuberculose. No ano de 2008, do total de, aproximadamente, 54,8  mil novos casos da doença, 47,5% ocorreram entre negros e pardos,  enquanto o percentual de brancos que a contraíram foi de 32,8%.
Ainda de acordo com o relatório, a população negra também é aquela  que mais morre por homicídio. Em 2007, o número de mortos por cem mil  habitantes em decorrência deste tipo de crime em todo o país foi de 32,2  entre os negros e pardos, contra 15,5 entre os brancos – mais que o  dobro. Quanto ao risco de ser assassinado, entre os negros jovens a  chance é quatro vezes maior do que a dos brancos na mesma faixa etária.
Não por coincidência, na educação a situação se repete. A taxa de  analfabetismo teve uma redução de quatro pontos percentuais conforme  informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no  Censo 2010. O país tem 14 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais,  representando 9,63% nessa faixa etária. As taxas de analfabetismo das  pessoas de 15 anos ou mais de idade é de 13,3% para a população de cor  preta, de 13,4% para os pardos contra 5,9% dos brancos, ou seja, a taxa  de analfabetismo dos negros é mais que o dobro em relação à dos brancos.
Ainda de acordo os dados do IBGE mais de 60% dos jovens entre 7 e 14  anos que não frequentam a escola são negros. O que a frieza dos dados  sobre diferentes campos demonstra se choca frontalmente com as mensagens  que nos chegam diariamente através das narrativas da grande mídia.  Mesmo que a presença negra venha crescendo tanto na imprensa quanto na  ficção televisiva e cinematográfica, as consequências das desigualdades e  dos conflitos raciais cotidianos permanecem invisibilizados pelos meios  de comunicação de massa.
A dura realidade do racismo em nosso país é, frequentemente, deixada  de lado para dar lugar a contos e histórias de um Brasil que saberia  melhor do que qualquer país do mundo lidar com suas diferenças. A  constatação que se tem é que a democracia racial continua sendo um mito.  Desta forma, nossa busca é para que as perversas consequências do  racismo sejam encaradas de frente, pois só assim é que se consegue  caminhar na direção da superação do próprio racismo. Pelo visto, esta  luta ainda se tarda em terminar.
Comentário 1
Não são permitidos comentários.
																					


adorei
4 de maio de 2012qe os negros ganhem seus direitos