Integrantes do projeto Juventudes em Movimento se reuniram ontem (12), no Sesc de Ramos, zona da Leopoldina, no Rio, para apresentar suas análises a respeito do Sistema de Indicadores de Cidadania para o Complexo do Alemão e de uma pesquisa desenvolvida com aproximadamente 2 mil moradores(as) da região. O estudo teve como objetivo principal identificar as condições de vida e os direitos de cidadania nas 13 favelas que compõem a área. “O que os jovens trouxeram para nosso debate foi a percepção do grupo sobre o resultado da pesquisa que eles próprios fizeram” – explica Rita Correa Brandão, diretora do Ibase e especialista em indicadores de cidadania.
Iniciado em abril, o estudo está na fase final de elaboração. Foram indagadas questões como saneamento básico local, equipamentos públicos de cultura, educação e saúde, intolerância religiosa e o uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs). A próxima etapa será a realização de rodas de diálogo, que servirão como espaço de discussão dos dados levantados diretamente com a população local. “As rodas de diálogo são uma importante ferramenta que temos para discutir os indicadores que foram elaborados e já amplamente discutidos pelos jovens a partir da metodologia do Sistema de Indicadores de Cidadania. É um momento em que esses jovens mobilizam outros moradores e moradoras, além de instituições locais, para o diálogo e reflexão sobre a efetividade dos direitos no território a partir da análise desses indicadores” – afirma Bianca Arruda, pesquisadora do Ibase.
O objetivo das rodas de diálogo, segundo a pesquisadora, é que a população local qualifique seus argumentos e possa se articular com mais parceiros(as) na luta por direitos. “Serão realizadas dez rodas durante os meses de setembro e outubro em diferentes pontos do Complexo do Alemão. No dia 18 de setembro, será na Oca dos Curumins; nos dias 21 e 28 as rodas serão no Educap” – complementa Bianca.
A iniciativa também aposta na construção de uma rede de cidadania ativa, formada por organizações sociais do Complexo do Alemão, e na criação de fórum amplo de discussão com base em reflexões e demandas coletivas. “A constituição desse Fórum de Juventudes no Complexo do Alemão é extremamente relevante. Ele consolida a participação desses e dessas jovens em um espaço de diálogo e encaminhamento das necessidades e garantias dos direitos após um processo de investigação e discussão no território. Isso fortalece a participação social em um momento político delicado, em que há enfraquecimento dos canais de participação e em que não se tem definição das prioridades do poder público para as áreas de favela, além das questionáveis ações de segurança pública que afetam negativamente o cotidiano dos moradores e moradoras” – garante Renata Codagan, também do Ibase e coordenadora do Juventudes em Movimento.
O projeto é uma iniciativa do Ibase, em parceria com o Instituto Raízes em Movimento. O apoio é do IDRC (International Development Research Centre). “O Juventudes em Movimento está previsto até abril de 2020; e nossa expectativa é que, até lá, essa experiência contribua para potencializar as juventudes do Complexo do Alemão nas disputas políticas e sociais da cidade” – finaliza a educadora Renata Codagan.