A equipe do Canal Ibase esteve no fim do mês passado no encontro Intercâmbio das Resistências contra o projeto Minas-Rio, em São João da Barra. O evento teve o apoio do Ibase, de pesquisadores do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (Gesta), da Universidade Federal de Minas Gerais, e da Universidade Federal Fluminense, além do Instituto Federal Fluminense, e reuniu lideranças locais do entorno do projeto Minas-Rio, das empresas Anglo American e LLX – de Eike Batista – do qual o Porto do Açu faz parte. O sistema todo responde pela conexão de uma mina aberta na cidade de Conceição de Mato Dentro com o Porto do Açu, por meio da construção de um mineroduto. São 525 quilômetros de extensão, impactando 32 cidades pelo caminho. O objetivo do encontro foi mapear as denúncias de irregularidades nas regiões impactadas pelos projetos.

Uma das principais denúncias foi a forma como a empresa LLX aborda os moradores para ‘negociar’ suas moradias. Costumam levar polícia, oferecem pouco dinheiro de indenização e, muitas vezes, contam com a conivência do poder público como mostra as duas reportagens publicadas no Canal Ibase.
Para a advogada Patrícia Generoso, que esteve no encontro e é uma das atingidas pelas obras em Conceição de Mato Dentro, a oportunidade de trocar as experiências com outros companheiros afetados pelo empreendimento representou um incentivo a mais:
– Jamais seremos os mesmos que partimos. Regressamos transformados, seja pelo conhecimento, pela renovação de energia, pela motivação de continuidade na resistência, pelo encorajamento e exemplo de conduta e organização que presenciamos durante o intercâmbio. Reconhecemos em todos daí um pouco de nós. Não foram poucos os comentários que destacavam as semelhanças de falas, a convergência de ações e de comportamento entre os atingidos daí e os daqui – escreveu em uma carta enviada ao Ibase e demais organizadores do encontro.
Segundo Ana Maria Costa, do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (Gesta) da UFF e que também participou do encontro, algumas ações já estão sendo tomadas para transformar a reunião dos atingidos das duas cidades em estratégias de luta.
– Uma carta já foi escrita com o intuito de descrever os problemas comuns das duas populações no projeto Minas-Rio – contou.
A partir de documentos já produzidos, será elaborado também um dossiê para contabilizar todas as agressões dos atingidos tanto no Porto do Açu como em Conceição do Mato Dentro.
Ficou decidido ainda uma maior articulação dos grupos de pesquisa sobre o projeto Minas-Rio. São eles: Núcleo de Estudos Rurais e Urbano, Núcleo de estudos sócioambientel (UFF), Poemas (Universidade Federal de Juiz de Fora), Grupo de Estudos de Estratégia e Desenvolviemnto (Instituto Federal Fluminense).
Está também programado um terceiro encontro, mas num novo formato, o de seminário, para o qual ainda serão definidos dia e local. Por fim, haverá a construção de uma agência comum, a fim de que, sobretudo, os atingidos do Açu e de Conceição do Mato Dentro estejam sempre nas audiências públicas. Está para ser marcada uma no Rio, com a Comissão de Direitos Humanos da Alerj à frente, e outra em Minas Gerais.
– Assim, o movimento e a união dos dois grupos continuará firme e forte – observou Ana.
– Deparamos com graves violações de direitos humanos fruto de um projeto de desenvolvimento que deve ser questionado pela sociedade civil – disse Moema Miranda, diretora do Ibase.
(Leia aqui a matéria do Canal Ibase).

Comentário 1

  1. Taciana Pereira
    12 de setembro de 2013

    Tenho total interesse nesse assunto porque minha cidade Morro do Pilar é uma das 32 cidades que serão impactadas com a construção desse mineroduto, gostaria até mesmo de participar se possível da audiência pública quando for aqui em Minas, me avisem quando for marcada.Obrigada

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