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ONGs debatem pesquisas e dados sobre favelas

“Como os dados sobre favelas e territórios podem ajudar no debate sobre políticas públicas de inclusão e garantia de direitos?” – essa é a questão que será debatida no primeiro debate virtual realizado pelo Ibase. O evento acontece dia 1º. de setembro, terça-feira, de 18h30 às 20h, com transmissão pelo Facebook e Youtube do Ibase.

Participam do encontro Rita Corrêa Brandão, especialista em indicadores sociais e diretora do Ibase; Alan Brum, cofundador do Instituto Raízes em Movimento e coordenador do Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Complexo do Alemão (Cepedoca); e Eliana Souza Silva, diretora da  Redes da Maré, ONG que realiza projetos de desenvolvimento local, arte, cultura e educação nos territórios da comunidade. A mediação será de Melisanda Trentin, advogada e coordenadora da Justiça Global.

Segundo esses especialistas, a realidade das favelas e territórios nem sempre é captada por pesquisas como o Censo Demográfico ou outros levantamentos oficiais, gerando distorções na elaboração de políticas públicas. “Seja pela abrangência dos dados ou pelo método de coleta, especificidades importantes desses territórios são deixadas de fora na contagem oficial de algumas pesquisas do mundo estatístico mais formal” – explica Rita Corrêa Brandão.

As organizações envolvidas no debate têm larga experiência na produção de dados em territórios e favelas. O Instituto Raízes em Movimento mantém desde 2010 o Centro de Estudos, Pesquisa, Documentação e Memória do Complexo do Alemão, uma iniciativa que tem como proposta produzir saberes como ferramenta de reivindicações populares. Além disso, o Instituto foi parceiro do Ibase em uma pesquisa recente sobre juventudes nas treze favelas que compõem o Complexo do Alemão: “No Ibase, criamos o Sistema de Indicadores de Cidadania, uma forma de analisar e produzir dados com participação ativa de quem mora no local e de ONGs que atuam no território pesquisado. Usando esse método, com a parceria do Raízes em Movimento e a participação de 13 jovens pesquisadores, ouvimos 1.903 moradores e produzimos 75 indicadores sociais, alguns que não constam de nenhum levantamento governamental, por exemplo, os que avaliam como os jovens da região usam e acessam a internet ou como as mulheres que ali vivem dividem as tarefas domésticas com seus companheiros e familiares” – complementa Rita, do Ibase.

No caso da ONG Redes da Maré, em parceria com o Observatório de Favelas, existe a experiência do Censo Populacional da Maré, lançado em 2019 com dados sobre as 16 favelas da região, que revelou singularidades e práticas sociais do território até então desconhecidas ou distorcidas sobre a realidade desse conjunto de favelas. Eliana Souza Silva, uma das participantes do debate, foi a coordenadora dessa iniciativa.

O encontro será o primeiro debate ao vivo realizado pelo Ibase e marca também o início das comemorações pelos 40 anos de criação da ONG, fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.

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