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Melhor antidepressivo para a situação política do país: uma escola ocupada

Por Mariana Dias Simpson
Pesquisadora do Ibase

Hoje tive o privilégio de promover um cine-debate na ocupação da Escola Estadual Alfredo Balthazar, em Piabetá, Magé.

Foi lindo voltar ao lugar onde cresci e à escola onde minha mãe trabalhou por tantos anos e encontrar jovens radicalizando a democracia. “Nós nunca mais seremos os mesmos e a escola nunca mais será a mesma”, me disse Juliana, de 17 anos, que pretende cursar Ciências Sociais na universidade (e que só foi em casa uma vez desde que a ocupação começou no dia 13 de abril).

ocupaOs alunos limpam, lavam, cozinham, se reúnem, organizam suas ideias e apresentam suas demandas. Realizam oficinas, aulas, atividades culturais e esportivas. Uns 20 deles dormem na escola. Contaram sobre como acharam uma sala cheia de instrumentos musicais, alguns ainda na caixa – quando cheguei lá, uma banda ensaiava. Mostraram com orgulho a biblioteca que eles mesmos ordenaram e as salas de aula para discussões temáticas: uma para pautas feministas, uma para pautas LGBT e uma terceira para questões raciais será criada.

Os jovens assistiram o documentário Betinho – A Esperança Equilibrista e fizeram um belo paralelo com o que estão vivendo: agindo como podem, numa ação localizada mas que acontece em rede para pautar a mudança e os governos. Eles têm fome de quê? De conhecimento, de uma educação democrática, onde os alunos têm voz e vez.

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