No final de setembro o Ibase deu início a um dos momentos mais importantes de sua atuação no programa Morar Carioca. Foram realizados, nos dias 26 e 27 de setembro, em Santa Teresa, as Rodas de Diálogo das comunidades Vila São Jorge, Barreira do Vasco e Vila do Mexicano. A Roda de Diálogo é o primeiro momento em que a instituição devolve à população os resultados do trabalho desenvolvido.

Moradores de Vila São Jorge participam da roda de diálogo.

 

Primeiro, representantes do Ibase apresentaram aos moradores de cada comunidade os dados oficiais sobre seu local de moradia. As informações foram confirmadas ou contestadas pelos presentes, que apontaram, em todos os casos, qual seria o verdadeiro perfil daquele local. Em seguida, os escritórios de arquitetura contratados para fazer os planos de urbanização de cada favela apresentaram o diagnóstico consolidado, com diversas características que foram também analisadas pelos moradores.
Moradores contestam dados oficiais
Nas comunidades Vila São Jorge e Barreira do Vasco dados oficiais do IBGE relativos ao fornecimento de água, serviço de esgoto e saneamento básico foram contestados por moradores. Segundo o instituto, essas são questões quase 100% resolvidas nos locais. Os moradores de ambas as comunidades, no entanto, contestaram a informação, esclarecendo que a situação desses serviços nas favelas é ainda precária.
Outro dado que chamou atenção da população foi o relativo ao lixo. Para eles a coleta é ainda um problema nessas duas favelas, mas os moradores concordam num ponto: a culpa seria dos vizinhos. Campanhas de conscientização foram apontadas como possíveis meios de amenizar o problema. Na Barreira do Vasco, no entanto, Vânia, presidente da Associação de Moradores, relata já terem tentado fazer campanhas, o que não funcionou.
Mulher lidera mais casas do que os homens, afirmam moradores
Os dados do IBGE relativos à predominância da mulher como lideranças financeiras nas famílias foram confirmados. Mais da metade das casas são  sustentadas por mulheres, segundo os participantes das Rodas de Diálogo, e essa situação ainda está crescendo. A demanda por creches que atendam a população local é também evidente. No entanto, para essas pessoas, o IBGE errou ao calcular a média do salário dos moradores, assim como a densidade domiciliar. No primeiro caso, enquanto o Instituto afirma que o salário é, na média, acima de R$1000 (mil reais) por pessoa em cada comunidade, tanto moradores da Barreira do Vasco quanto moradores de Vila São Jorge acreditam não passar de um ou dois salários mínimos. E, ao invés de três pessoas por casa, como afirma o Instituto, moradores acreditam que cada casa abriga cerca de cinco pessoas.
Ainda serão realizadas Rodas de Diálogo de todas as comunidades em que o Morar Carioca está sendo realizado. Depois, com o conteúdo das demandas da população confirmadas e o diagnóstico consolidado aprovado pelos moradores, escritórios terão a possibilidade de elaborar um plano de intervenção urbanística à altura dos desejos das comunidades.

Comentários 2

  1. Glauciane
    24 de outubro de 2012

    É fundamental que haja participação dos moradores a fim de garantir um projeto que tenha o olhar deles, sua análise e que sejam contemplados seus desejos.

  2. Sueni Mariano Gonçalves
    29 de outubro de 2012

    Gostaria muito de trabalhar no Ibase esse instituto tão conceituado e que está preocupado em retratar e ajuda a desenvolver projetos para as comunidades.

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