Foto de Mark Pegrum

O Ibase repudia veementemente e se solidariza com todos os movimentos e segmentos da sociedade civil em relação ao assassinato brutal e covarde da Vereadora do Psol, Marielle Franco, e de Anderson Pedro Gomes, no Estácio, região central do Rio de Janeiro. Também nos solidarizamos com a dor das famílias diante deste ato tão vil.
Marielle, mulher negra, favelada, ativista, sempre esteve presente na luta contra violações de direitos e contra o genocídio da juventude negra nas áreas de favelas e periferias, realidade que passou a ser regra em vários estados do Brasil e, em particular, no Rio de Janeiro. O Estado do Rio, sob Intervenção Militar Federal, em vez de coibir, tem contribuído para acirrar esta situação. Já é fato denunciado que em Acari, bairro da Zona Norte da cidade, as incursões de policiais militares neste período de intervenção aumentaram e, com isto, o recrudescimento de mortes e violações.
Trata-se de um crime bárbaro contra a vereadora sobre o qual, fazendo justiça à sua própria história, o Ibase não irá se calar. A onda de violência que assola o Rio de Janeiro tem avançado sem qualquer limite. Contra jovens negros e negras de favelas e periferias, têm sido apontados inúmeros atos de violação. O Instituto de Segurança Pública (ISP), em pesquisa realizada em 2016, demonstra que dos 463 mortos em decorrência de intervenção policial o perfil traçado é: 96,5% são homens, 62,2% têm entre 17 e 24 anos e 75% são negros ou pardos. Essa situação não é aleatória, tem causa e efeito, direção e propósito, tem voz, idade e cor.
É preciso dar um basta a tudo isso. Os princípios democráticos estão sendo covardemente atacados colocando em risco o Estado Democrático de Direito. Até quando terão que ter mais mortes e violações de direitos para que as autoridades tomem atitudes dignas que venham a fortalecer e não desmontar o que julgamos imprescindível para consolidação de uma sociedade mais inclusiva, digna e democrática?
Marielle, sua voz ecoa em todos nós, suas causas e lutas são bandeiras que nos impulsionam e se somam a tantas vozes que enfrentam as injustiças e o preconceito.

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